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Controle (manejo integrado) da requeima / mela (Phytophthora infestans)

Leia sobre o controle (manejo integrado) da requeima / mela, causada pelo fungo Phytophthora infestans.


Foto: Agrolink

A requeima é uma doença extremamente importante em culturas como o tomate e batata. No caso do tomate, é considerada a doença mais destrutiva da cultura, podendo comprometer toda a produção em poucos dias. É causada pelo fungo Phytophthora infestans, que sobrevive principalmente em restos culturais, e é disseminado pela chuva, ventos fortes e implementos / ferramentas contaminadas. Além disso, também pode se disseminar por sementes e mudas, embora não seja comum.

Ocorre praticamente em todos os locais de produção de tomate no Brasil, mas é mais severa em períodos frios e úmidos, o que faz com que seja mais destrutiva nas regiões sul e sudeste do país. Porém, a umidade é o fator climático mais importante, podendo se observar focos de requeima até nos meses mais quentes do ano, desde que se tenha água livre nos órgãos vegetais e noites frias. O fungo cresce e produz esporos de forma abundante em umidades relativas próximas a 100% e temperaturas entre 15ºC e 25ºC.

A doença afeta as culturas em qualquer fase do desenvolvimento, atingindo as folhas, hastes, frutos e pecíolos, que ficam com espectro semelhante aos danos por geadas. Geralmente os esporos são oriundos de lavouras vizinhas infectadas ou de plantas voluntárias, e precisam de água livre na superfície da planta para germinar.

A requeima ataca toda a parte aérea das plantas, e pode ocorrer desde a fase de viveiro, destruindo as folhas das mudas, até a fase adulta. Os sintomas se iniciam na parte superior da planta (nas folhas mais novas), causando a morte do broto terminal. Surgem manchas grandes e úmidas nas folhas, que vão se tornando marrons conforme secam, surgindo necroses com aspecto de queima.

 

Quando a umidade é maior do que 90%, as manchas na face inferior das folhas se tornam esbranquiçadas, devido à esporulação do fungo. Observa-se também a formação de micélio e frutificações do fungo nos caules, pecíolos e frutos. Nestas condições em que o fungo é favorecido, este produz esporos que podem se locomover por meio de um filme de água no solo, causando novas infecções. Já em condições desfavoráveis, o fungo produz estruturas de resistência que podem sobreviver no solo na ausência de plantas hospedeiras.

No caule, surgem lesões escuras que tornam o tecido quebradiço. Os frutos ficam um pouco deformados e com manchas marrons, que podem cobrir toda a superfície, ocorrendo também perda de consistência. Em condições favoráveis à doença, a lavoura pod ficar com cheiro característico da decomposição.

 

Controle da requeima / mela (Phytophthora infestans)

Como o Phytophthora infestans possui alta variabilidade, o desenvolvimento de variedades resistentes é muito difícil, e assim, o uso de fungicidas é o método mais utilizado para o controle da doença. Porém, as aplicações sistemáticas de fungicidas resultam em um aumento significativo no custo de controle, além de resultar em concentrações de resíduos nos frutos. Deve-se priorizar métodos preventivos para buscar o maior sucesso no controle da doença.

O primeiro passo é uma escolha correta da área e época de plantio, evitando áreas contaminadas pelo fungo, de baixada, ou sujeitas a ocorrência de neblina por longos períodos, bem como solos mal drenados ou áreas próximas a lavouras velhas de tomate, batata ou outras culturas contaminadas pela doença. Quando possível, recomenda-se realizar o plantio em épocas mais quentes e menos chuvosas, utilizando mudas sadias, irrigadas preferencialmente por gotejamento, evitando o molhamento foliar.

Recomenda-se incorporar os restos culturais ao solo imediatamente após a colheita, eliminando inóculos do fungo. Em áreas contaminadas, pode-se realizar a rotação de culturas com gramíneas ou plantas não solanáceas.

É importante realizar o monitoramento da lavoura, sempre verificando os sintomas da doença. Existem modelos de previsão de doenças, realizados a partir das condições climáticas, com sistemas de alerta da ocorrência da requeima, que podem auxiliar o manejo da doença, favorecendo a tomada de decisão. Fungicidas protetores podem ser aplicados antes do aparecimento da doença. Já os fungicidas sistêmicos, de ação curativa, podem ser aplicados assim que forem observados os primeiros sintomas da doença. É de extrema importância alternar os ingredientes ativos e modos de ação, evitando o surgimento de patógenos resistentes aos fungicidas.

Além dos métodos citados anteriormente, ressaltamos também a importância de proporcionar bom arejamento da lavoura, evitar plantios muito adensados e plantios escalonados, e evitar o excesso de nitrogênio, promovendo uma adubação equilibrada.

Ressaltamos também o papel do silício na diminuição do impacto das doenças. O silício atua na formação de barreiras físicas, além de se associar a vários mecanismos de defesa da planta, como a produção de compostos fenólicos, fitoalexinas etc.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

PEREIRA, R. B.; LUCAS, G. C.; PINHEIRO, J. B. Requeima do Tomateiro. NossoAlho, Brasília, DF, n. 19, p. 50-54, 2014.

VALE, F.X.R.; ZAMBOLIM, L.; PAUL, P.A.; COSTA, H. Doenças causadas por fungos em tomate. In: ZAMBOLIM, L.; VALE, F.X.R. Controle de Doenças de Plantas - Hortaliças. Viçosa: Gráfica Suprema, 2000. v.2, p.699-756.

VALE, F.X.R.; JESUS JUNIOR, W.C.; RODRIGUES, F.A.; COSTA, H.; SOUZA, C.A. Manejo de Doenças Fúngicas em Tomateiro. In: SILVA, D.J.H.; VALE, F.X.R. (Org.). Tomate - Tecnologia de Produção. Visconde do Rio Branco: Suprema Gráfica e Editora Ltda, 2007. v.1, p.159-198.

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