Fixação biológica de nitrogênio no feijão reduz custos
A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) desponta como uma solução estratégica

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) desponta como uma solução estratégica para o cultivo de feijão, promovendo maior sustentabilidade e redução nos custos de produção. Um estudo realizado por instituições de pesquisa identificou quatro linhagens de feijão do tipo carioca com alto potencial para otimizar esse processo natural, reduzindo a dependência de fertilizantes nitrogenados.
Essas linhagens apresentaram índices elevados de nodulação nas raízes, demonstrando a eficiência da inoculação com bactérias benéficas, como Rhizobium freirei e R. tropici. Nos nódulos formados, ocorre a conversão do nitrogênio atmosférico em amônia, nutriente essencial para o desenvolvimento da planta. Com isso, os produtores podem diminuir o uso de adubos químicos, impactando positivamente tanto no aspecto econômico quanto ambiental.
A pesquisa avaliou 19 linhagens de feijão em diferentes regiões do país, incluindo Goiás, Mato Grosso, Paraná e o Distrito Federal, ao longo de três safras por ano. Dentre elas, quatro se destacaram pela capacidade de maximizar a FBN: CNFC 15086, BRS Sublime, CNFC 15010 e CNFC 15003. Essas variedades serão utilizadas em cruzamentos para desenvolver cultivares ainda mais produtivas e eficientes.
Segundo Helton Pereira, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, a adoção de linhagens com alta eficiência na fixação biológica representa um avanço importante para a cultura. “Com essas cultivares, conseguimos reduzir a necessidade de insumos químicos sem comprometer a produtividade, tornando o cultivo mais sustentável e economicamente viável”, afirma.
O uso de fertilizantes nitrogenados representa um dos principais custos na produção agrícola, além de estar sujeito à variação cambial, pois grande parte dos insumos é importada. A adoção da FBN pode amenizar esse impacto, como já observado na cultura da soja. Dados do Balanço Social da Embrapa indicam que a utilização dessa tecnologia gerou economia de R$ 72 bilhões na importação de adubos nitrogenados em 2022, um aumento de 89% em relação ao ano anterior.
Além dos benefícios financeiros, a tecnologia contribui para a redução da pegada de carbono na agricultura. Diferente dos fertilizantes convencionais, que podem emitir gases de efeito estufa, a FBN permite uma nutrição mais natural e equilibrada para o solo, favorecendo práticas agrícolas de baixo impacto ambiental.
O estudo foi desenvolvido por meio de uma parceria entre a Embrapa, o Instituto Federal Goiano, a Universidade Federal de Goiás e a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural. O objetivo é impulsionar a adoção da FBN na cultura do feijão, trazendo mais eficiência e sustentabilidade ao setor agrícola.