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Trigo: qualidade e câmbio afetam preços no Brasil

Instabilidade cambial tem pressionado os custos de importação de trigo



Foto: Divulgação

O mercado de trigo no Brasil tem demonstrado uma estabilidade nas últimas semanas, com preços variando conforme a região e o avanço da colheita. Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), a média no Rio Grande do Sul fechou a semana em R$ 66,56 por saca, com as principais praças registrando valores entre R$ 66,00 e R$ 67,00. No Paraná, o preço oscilou entre R$ 75,00 e R$ 76,00, enquanto em Santa Catarina os valores giraram em torno de R$ 75,00.

Com a colheita de trigo praticamente concluída, o Brasil se prepara para analisar os números finais da produção deste ano. No entanto, houve quebras significativas nas lavouras, especialmente no Paraná, onde a redução da produtividade foi de até 36% em relação ao esperado. Isso contrasta com o cenário no Rio Grande do Sul, que deve registrar uma produção 76% maior do que a do estado vizinho, corrigindo o déficit verificado em 2023.

A produção total de trigo no Brasil é estimada em torno de 7,5 milhões de toneladas, embora a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indique uma produção de 8,1 milhões, volume similar ao do ano passado. No entanto, devido à baixa qualidade de parte da safra e à diminuição da oferta interna, o país deverá importar cerca de 6 milhões de toneladas de trigo, principalmente da Argentina, que espera colher entre 18 a 19 milhões de toneladas e exportar cerca de 13 milhões.

Impactos do câmbio e da qualidade na produção

A instabilidade cambial, com o dólar oscilando entre R$ 5,80 e R$ 5,90, tem pressionado os custos de importação de trigo, tornando as compras externas mais caras. Esse aumento nos preços afeta diretamente os custos dos derivados de trigo e pode agravar a inflação no setor alimentício. Além disso, a grande quantidade de trigo de baixa qualidade, que não é adequada para consumo humano, será direcionada para ração animal, competindo com o milho e segurando os preços deste cereal.

Com a oferta interna mais restrita e a necessidade de importações, o mercado de trigo também tem visto um aumento nos preços dos lotes no Brasil. No Rio Grande do Sul, os preços variam entre R$ 1.250,00 e R$ 1.300,00 por tonelada, atraindo compradores de outros estados, enquanto no Paraná os preços ultrapassam R$ 1.400,00 por tonelada, e em São Paulo podem atingir R$ 1.650,00 por tonelada.

Diante dos preços abaixo do valor mínimo definido para o mercado, o governo brasileiro decidiu intervir, anunciando a compra de 200.000 toneladas de trigo do Rio Grande do Sul para seus estoques reguladores. A Conab estabeleceu que cada produtor pode vender até 1.800 sacos de trigo nesse processo. O preço mínimo para o trigo de qualidade tipo 1 está fixado em R$ 78,51 por saca na Região Sul, enquanto o trigo tipo 2 tem um preço mínimo de R$ 67,26 por saca.

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