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Produtor mato-grossense à espera das chuvas

Tensão Pré-Plantio


Com o fim do Vazio Sanitário e com a maior parte dos insumos já entregue, produtor ‘torce’ por São Pedro

Com o fim do Vazio Sanitário encerrado no sábado, o produtor mato-grossense está apto para dar início a nova safra brasileira de grãos, a temporada 2012/13. Com a liberação do plantio e com a maior parte dos insumos entregue, resta esperar pela chegada das chuvas após meses de forte estiagem. Analistas e pesquisadores pedem paciência para que o plantio seja viável, ou seja, realizado no momento certo, e que assim possa render médias de produtividade que permitam renda e cumprimento dos contratos.

Nos últimos 90 dias, o Vazio proibiu a existência de plantas vivas de soja para fins comerciais, como forma de garantir a sanidade da nova lavoura e reduzir a incidência de fungos que causam a ferrugem asiática, doença que aumenta o custo de produção e reduz a produtividade da oleaginosa, corroendo a renda.

Conforme o analista de grãos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleber Noronha, cerca de 75% a 80% dos insumos (sementes e fertilizantes, em especial) estão nas propriedades e com isso o produtor pode dar início à safra, no entanto, a recomendação que ecoa pelo Estado é a de que a semeadura não seja feita às pressas, sem a devida umidade do solo, o que poderá exigir replantio e mais investimentos. “Sabemos que a pressão mundial pelo grão é forte, sabemos que o produtor quer antecipar ao máximo o cultivo da soja para ter uma janela segura para fazer a segunda safra, mas eles mesmos sabem que esta é uma safra muito cara para se arriscar”, destaca. Dados do Imea mostram que a safra 2012/13 de soja é a mais cara da história, com custo médio em cerca de R$ 2,13 mil, por hectare, 28% acima da média registrada em igual período do ano passado, R$ 1,64 mil.

Ainda dentro de toda ansiedade que precede o início do plantio, Noronha brinca dizendo que quando pergunta sobre os preparativos aos produtores, a resposta é quase sempre a mesma: “Tô com dor no pescoço de tanto olhar para cima”, numa referência à espera pelas chuvas. Como reforça o analista, mesmo diante de toda ‘tensão pré-plantio’, “percebemos que o produtor está consciente de que não pode perder dinheiro e que mesmo com o fim do Vazio, ele tem mais duas semanas para começar a cobrir o solo, período que vai permitir uma excelente janela de plantio para a segunda safra. Não precisa desesperar”.

Conforme dados do Imea, o plantio da soja mesmo tendo sido ‘inaugurado’ por um e outro nos primeiros dias após o Vazio, nas últimas duas safras foi aberto no dia 30 de setembro. “Não temos previsão de chuvas fortes para as próximas semanas. Quem plantar a partir de agora corre sério risco de ver a planta secar”.

O Imea tem relatos de chuvas fracas, cerca de 2 a 3 milímetros (mm), desde a primeira semana do mês em Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Rondonópolis. “Esses chuviscos de 2 a 3 mm não são suficientes para a semeadura porque nem abafam a poeira. Para plantar, considerando a atual condição da estiagem, são necessárias duas precipitações de 30 mm cada uma e em um curto espaço de tempo. Sem a cadência das chuvas, fica o risco”.

POLEPOSITION – A previsão meteorológica indica que até a primeira quinzena de outubro as precipitações serão esparsas pelo Estado. Chuvas mais abundantes são esperadas mais para o final do próximo mês. “Chuvas pontuais ocorreram no norte do Estado na semana passada, mas não em áreas de plantio de soja. Pela lógica, as primeiras boas precipitações deverão atingir o oeste do Estado, especialmente Sapezal, Campo Novo do Parecis e Campos de Júlio nesta semana e certamente, por mais um ano, Sapezal deverá dar o start da nova temporada brasileira”, acredita Noronha. Com tradição em receber as primeiras chuvas do período, Sapezal vem sendo o primeiro município do Brasil a semear a nova safra. No ano passado, por exemplo, a cidade entrou o mês de outubro com cerca de 10% da área de 362,50 mil hectares plantada. 

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