CI

Manejo de Pastagens na Amazônia: implicações econômicas e ambientais



Com o objetivo de discutir as principais implicações tecnológicas, sócio-econômicas e ambientais do desenvolvimento da pecuária na Amazônia, PROCITROPICOS/IICA, Embrapa Rondônia e o Governo do Estado de Rondônia (SEAPES, IDARON, Emater, Câmara Setorial do Leite), juntamente com o Sebrae Rondônia, CREA Rondônia, ILES/ULBRA, FIERO, Ceplac e Delegacia Federal de Agricultura, realizarão em Porto Velho, Rondônia, Brasil, o Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia: Produtividade com Qualidade Ambiental.

Dentre os temas a serem abordados no Seminário, o manejo racional das pastagens, nativas e cultivadas, será um dos mais relevantes, considerando as grandes extensões de florestas nativas que foram transformadas em pastagens.

Na Amazônia, a pecuária de corte e/ou de leite vem nos últimos anos apresentando um acelerado crescimento. Com um efetivo bovino estimado em mais de seis milhões de cabeças, a pecuária, atualmente, é uma das atividades de maior expressão econômica no estado. Deste modo, os tradicionais processos extensivos de exploração vem sendo gradativamente substituídos por outros mais racionais e modernos, onde a formação, recuperação e melhoramento das pastagens, com espécies mais adequadas (alto rendimento e bom valor nutritivo da forragem), vem sendo observado com maior interesse pelos criadores, por se tratar de um fator de elevada importância para a obtenção de maiores produções de carne e/ou leite.

O suporte alimentar dos rebanhos é constituído, basicamente, por pastagens cultivadas, as quais apresentam como principal componente florístico as gramíneas forrageiras. No entanto, face a utilização de práticas de manejo inadequadas (germoplasma pouco adaptado a região, sistema de pastejo continuo, pressões de pastejo elevadas, ausência de fertilizações de manutenção etc.), além de serem estabelecidas em solos de baixa fertilidade natural ou exauridos por sucessivos cultivos anuais, estas pastagens tem apresentado limitações quanto a produtividade, qualidade da forragem e persistência. Ademais, a formação de extensas áreas de pastagens monoespecíficas se contrapõe a diversidade dos ecossistemas naturais das florestas tropicais úmidas, já que, uma vez rompido o equilíbrio ecológico, há o favorecimento para a proliferação da população de diversos organismos (insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides e plantas invasoras), que se constituem em fatores que contribuem para a instabilidade e degradação destas áreas de pastagens. Deste modo, a diversificação das pastagens, através da utilização de gramíneas e leguminosas forrageiras pertencentes a gêneros e espécies diversas, tanto em pastagens puras quanto em consorciadas, surge como uma opção ambiental e economicamente viável para a formação, recuperação e/ou renovação de pastagens. Nesse contexto, torna-se necessário a intensificação dos estudos de introdução e avaliação de germoplasma forrageiro nativo ou exótico, a fim de obter-se um maior numero de opções para a formação, recuperação e/ou renovação de ecossistemas diversificados de pastagens.

A predominância de pastagens estabelecidas com um numero reduzido de espécies contribui para aumentar acentuadamente o risco de fracasso das atividades agropecuárias na região, em função, principalmente, da

possibilidade de ocorrência de agentes bióticos (pragas e doenças) que venham a afetar, de forma, irreversível, a produtividade e persistência destas pastagens. Deste modo, uma das alternativas para minimizar tais efeitos, consiste na identificação e seleção de gramíneas e leguminosas forrageiras bem adaptadas as condições ecológicas da região e que apresentem alta produtividade, persistência e composição química

compatível com as exigências dos animais. Este mecanismo representa o primeiro estagio para a implantação de uma pecuária de índices zootécnicos satisfatórios e uma das opções mais prática e econômica para o melhoramento das pastagens cultivadas. Ademais, a introdução continua de germoplasma forrageiro tem contribuído, de forma positiva e significativa, como alternativa para uma alimentação mais econômica e

racional dos rebanhos.

Na Amazônia, a alimentação dos rebanhos bovinos esta fundamentada na utilização de pastagens cultivadas, as quais constituem o mais importante componente da produção pecuária. Gramíneas e leguminosas

apresentam potencial para produção de forragem, em quantidade e qualidade satisfatórias para a alimentação de animais herbívoros durante todo o ano. No entanto, o sucesso na utilização dessas espécies para a

formação, renovação e/ou recuperação de pastagens, depende de uma serie de fatores envolvendo conhecimentos que permitam a escolha da espécie mais apropriada as condições de clima e solo da região, ate a adoção de praticas de manejo que assegurem o seu perfeito estabelecimento e persistência, alem de maximizarem sua produtividade e seu valor nutritivo. Assim, tem-se desde espécies adaptadas as regiões

áridas ate aquelas que so se desenvolvem em regiões excessivamente úmidas; espécies que crescem e persistem em solos ácidos e de baixa fertilidade natural, e outras que exigem altos níveis de nutrientes no

solo. Há ainda espécies que requerem um manejo mais cuidadoso e outras que são recomendadas para regiões de topografia acidentada por proporcionarem uma boa cobertura do solo, protegendo-o dos processos

erosivos.

A grande ênfase que a pesquisa dedicou as gramíneas do gênero Brachiaria refletem sua importância para a região. As gramíneas deste gênero são menos exigentes quanto as condições físicas e químicas do solo, quando comparadas com outras gramíneas cultivadas na região; possuem hábito de crescimento decumbente, característica muito importante na região, onde a rebrota da vegetação nativa e rápida. Ademais, conservam melhor a umidade do solo, mantendo-se verdes durante o período seco. Atualmente, estima-se que as espécies deste gênero ocupam entre 35 e 45% das pastagens cultivadas em áreas de floresta. Por suas características agronômicas, B. humidicola e ainda a mais difundida na região; contudo, mais recentemente, B. brizantha cv. Marandu, por ser uma cultivar resistente as cigarrinhas-das-pastagens (Deois incompleta e D. flavopicta), além de apresentar altas produções de forragem com bom valor nutritivo, vem gradativa e rapidamente, destacando-se como a mais cultivada em Rondônia, ocupando mais de 50% do total das pastagens formadas no estado.

Ao contrário das gramíneas, as leguminosas forrageiras não tem desempenhado papel relevante nas pastagens cultivadas nas áreas de floresta. Se por um lado ha falta de tradição e experiência dos pecuaristas do Estado em plantar e manejar pastagens consorciadas, pelo outro lado, as opções de genótipos de leguminosas tem sido em numero bastante reduzido e a produção de sementes comerciais tem se mostrado instável e insuficiente. Os gêneros Pueraria, Calopogonium e Centrosema tem sido os mais importantes, destacando-se P. phaseoloides e C. pubescens como as espécies mais difundidas. Atualmente, estima-se que menos de 10% das pastagens do estado estão consorciadas com leguminosas. Contudo, parece haver na região uma lenta mais gradativa conscientização dos pecuaristas para os benefícios advindos do uso de leguminosas forrageiras. Diversos trabalhos de pesquisa foram realizados em Rondônia, com vistas a identificação de novas opções, sendo os gêneros Desmodium, Leucaena, Cajanus, Pueraria, Centrosema e Stylosanthes, os que apresentaram a principal base genética para a seleção de espécies promissoras para a região.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.