Dólar preocupa o setor agropecuário
No mercado interno, o impacto será severo para a economia geral
Conforme destacou Isan Rezende, presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso (FEAGRO MT) e do Instituto do Agronegócio, o dólar alcançou ontem (28) a marca histórica de R$ 6,003 na venda, um feito inédito desde sua introdução em 1994. Esse aumento reflete a reação negativa do mercado ao pacote econômico anunciado pelo ministro da Fazenda, que inclui medidas como cortes de R$ 70 bilhões em investimentos para 2025 e 2026, mudanças no abono salarial e a criação de uma alíquota de até 10% para rendimentos acima de R$ 600 mil anuais.
Embora a alta do dólar possa sugerir vantagens para os produtores rurais, devido ao impacto positivo nos preços das commodities como carne, soja, milho e trigo, Rezende alerta para um efeito contrário. "A valorização do dolar impacta diretamente o custo da produção agropecuária com o aumento do combustível, insumos agrícolas, fertilizantes, etc etc. no qual a produção agropecuária depende desses produtos importados", destacou.
Além disso, o cenário global de oferta abundante de soja, com previsões de alta produtividade nos Estados Unidos (125 milhões de toneladas) e colheitas robustas no Brasil, Argentina e Paraguai, deverá limitar os preços internacionais dessas commodities. Esse excesso de oferta, segundo Rezende, tende a pressionar ainda mais os valores domésticos no início de 2025, ampliando as dificuldades dos produtores.
Segundo ele, o mercado interno, o impacto será severo para a economia geral, com aumento nos preços de alimentos, transporte, serviços essenciais como saúde e educação, e maior custo do crédito devido à alta das taxas de juros.