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Plano da Índia pode aumentar demanda global por açúcar brasileiro

Mudanças no mercado indiano pode gerar novas oportunidades para o Brasil



Foto: Pixabay

A decisão do governo indiano de adotar uma mistura de 20% de etanol na gasolina até 2026 promete movimentar o mercado global de açúcar e biocombustíveis. Como maior produtor e exportador de açúcar do mundo, o Brasil pode se beneficiar tanto com o aumento da demanda por açúcar quanto com a exportação de etanol para a Índia, que enfrenta desafios estruturais para ampliar rapidamente sua produção doméstica de biocombustíveis.

A nova política indiana exige maior direcionamento da cana-de-açúcar para a produção de etanol, reduzindo a oferta global de açúcar. Essa mudança favorece o Brasil, cuja produção atenderia a lacunas no mercado internacional. Além disso, enquanto a Índia adapta sua infraestrutura para aumentar a produção de etanol, cresce a perspectiva de importações do biocombustível brasileiro, conforme informações da SCA Brasil.

Segundo Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil, o cenário aponta para um mercado internacional de açúcar sem participação da Índia, o que consolida o Brasil como líder no mercado de açúcar. “O consumo global de açúcar cresce cerca de 2 milhões de toneladas por ano, e 40% desse aumento ocorre na própria Índia”, afirmou. Ele aponta que a migração de jovens das áreas rurais para os centros urbanos na Índia também impulsiona o consumo de produtos que utilizam açúcar.

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A Índia enfrenta obstáculos para cumprir suas metas de mistura de etanol. De acordo com Cássio Bellintani Iplinsky, da Usina Rio Verde, que visitou o país recentemente, a produção agrícola indiana é marcada pela baixa tecnologia. “Eles cultivam a cana-de-açúcar como uma horta, em propriedades de meio hectare em média. Plantam couve e até crisântemos no meio da plantação de cana. O agricultor corta a cana, amarra em um feiche e leva até a usina em um carro de boi. Imagine 500 carros de boi na porta da usina entregando cana.”, descreveu.

Segundo Cássio, apesar disso, a tecnologia industrial indiana apresenta pontos de destaque, como a recuperação de nutrientes do fermento para uso como adubo e o aproveitamento de biogás e calor residual, práticas ainda pouco comuns no Brasil.

Em 2023, o Brasil exportou US$ 4,7 bilhões em produtos para a Índia, com destaque para açúcar, melaço, óleos vegetais e gorduras. O fluxo comercial entre os dois países atingiu um recorde de US$ 15,2 bilhões em 2022, um crescimento de 31,4% em relação a 2021, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX).

 

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