91% dos agricultores brasileiros adotam inovação para enfrentar crises climáticas
Quase dois terços dos entrevistados já utilizam ferramentas digitais
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A crescente preocupação com os impactos das mudanças climáticas no campo tem mobilizado agricultores ao redor do mundo. Um estudo encomendado pela Bayer, realizado pela empresa de pesquisa Kynetec, apontou que 75% dos agricultores já enfrentam consequências relacionadas ao clima ou estão preocupados com elas. No Brasil, esse número é ainda maior: 91% dos produtores estão dispostos a adotar novas tecnologias para aumentar a resiliência das suas lavouras.
O levantamento, chamado Farmer Voice 2024, entrevistou mais de 2.000 agricultores em países como Brasil, Austrália, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e Estados Unidos. Os resultados revelam que 71% dos produtores globais consideram a perda de produtividade como uma grande preocupação, e seis em cada dez relataram queda significativa de receita devido a eventos climáticos atípicos.
A pesquisa também mostrou que os agricultores estão cada vez mais abertos à adoção de tecnologias digitais. Quase dois terços dos entrevistados já utilizam ferramentas digitais, e outros 25% pretendem adotar no futuro. O Brasil se destacou como um dos países com maior adesão: 79% dos agricultores brasileiros usam tecnologias digitais com regularidade. Além disso, 72% dos produtores no país manifestaram interesse em explorar o uso da Inteligência Artificial (IA) no campo.
Rodrigo Santos, presidente global da divisão agrícola da Bayer, destacou a importância das inovações no setor: "Os agricultores estão buscando soluções tecnológicas para lidar com as mudanças climáticas e garantir a produtividade e sustentabilidade de suas operações. A digitalização tem um papel fundamental nessa jornada."
Outro ponto abordado no estudo foi o crescimento das práticas de agricultura regenerativa. Mais de 90% dos produtores já adotam ao menos uma dessas técnicas, com destaque para rotação de culturas, análise de solo e o uso de biofertilizantes. No Brasil, a adoção dessas práticas é ainda mais robusta, com os agricultores implementando, em média, 10 das 17 principais práticas regenerativas.
"A agricultura regenerativa é uma resposta necessária para equilibrar a produção de alimentos e a preservação ambiental", afirmou Santos. "Ela permite aumentar a produtividade e garantir a resiliência das lavouras, ao mesmo tempo em que restaura os ecossistemas naturais."
O estudo também apontou que os agricultores se veem como peças-chave na garantia da segurança alimentar. Cerca de 95% dos entrevistados acreditam que desempenham um papel essencial para a sociedade, e 91% sentem que merecem mais reconhecimento por suas contribuições. No Brasil, 89% dos produtores afirmam que incentivariam as próximas gerações a seguir carreira no agronegócio, um número bem acima da média global de 63%.
Os resultados do Farmer Voice 2024 mostram que, apesar dos desafios crescentes, os agricultores estão comprometidos em encontrar soluções inovadoras e sustentáveis para manter suas atividades. "Precisamos ouvir a voz dos agricultores e apoiar suas necessidades, seja por meio de políticas públicas, desenvolvimento de novas tecnologias ou reconhecimento de seu papel vital para a sociedade", concluiu Santos.
