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Quem substituirá os agricultores tradicionais?



Roberto Ivan Rovagnelli
A população do campo está envelhecendo, sendo que a expectativa de vida dos produtores rurais é bem menor que um trabalhador urbano e, na atual conjuntura, sem perspectiva de renovação, pois os nossos jovens não querem mais trabalhar no campo por não vislumbrar "futuro" no setor, os filhos que saíram para estudar não voltaram.
O fenômeno se repete em todas as regiões agrícolas do País. A grande maioria dos agricultores tradicionais faz apenas o que o corpo permite. Não conseguem mais contratar um "peão" para cuidar do gado ou da lavoura, uma vez que o salário pago na roça é bem abaixo do praticado na cidade. Tendo como melhor alternativa arrendar sua propriedade para a usina mais próxima.
Quanto aos filhos, raros os que pretendem suceder o pai no trabalho, de tocar a vida mais confortável na cidade à propriedade dispendiosa. A sucessão hereditária na agricultura é um problema social e econômico, ou seja, não é atrativo e é pouco rentável.
No Brasil, segundo o último censo divulgado em 2000, somente 18% da população brasileira morava no campo. Dado que se atualizado, deve cair para menos de 12% no próximo censo, com certeza na RMC - Região Metropolitana de Campinas este índice é bem menor.
Muitos agricultores deixam o campo, vendem suas terras, por razões simples: ficaram velhos, sem força para continuar com aquele trabalho diário, na maioria das vezes pesado e nada rentável. Os filhos foram embora para a cidade, buscar algo melhor para sobreviver, e os idosos que permanece na agropecuária não resta outra opção, a não ser a de vender a propriedade e ir à busca de uma nova vida na cidade.
Muitos morrem sem saber o que é uma aposentadoria, pois o trabalho pesado, sol escaldante e formicidas é a receita certa para reduzir a vida de qualquer pessoa.
O governo investe muito na agricultura familiar, que mais parece de subsistência, a mesma praticada pelos índios. Também é mais fácil uma linha de crédito via BNDES a usineiros ou grandes grupos, muitas vezes formados por investidores estrangeiros, tendo tão somente um brasileiro como testa de ferro.
As feiras agrícolas de tecnologia estão ai, com muitas novidades e melhorias para o setor, mas nada acessível ao pobre velho agricultor brasileiro.
Se a política agrícola do país continuar assim no futuro terá que importar não só produtos agrícolas, mas também  agricultores ou "farmers".

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