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As lições do projeto Tamar para os trabalhos de extensão rural



Ricardo Moncorvo Tonet
O Projeto TAMAR surgiu com o objetivo de proteger as tartarugas marinhas. Com o tempo, porém, percebeu-se que os trabalhos não poderiam ficar restritos às tartarugas, pois uma das chaves para o sucesso desta missão seria o apoio ao desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que amenizassem a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas marinhas (
www.ibama.gov.br/tamar).
As atividades são organizadas a partir de três linhas de ação: Conservação e Pesquisa Aplicada, Educação Ambiental e Desenvolvimento Local Sustentável, onde a principal ferramenta é a criatividade. Desde o início, tem sido necessário desenvolver técnicas pioneiras de conservação e desenvolvimento comunitário, adequadas às realidades de cada uma das regiões trabalhadas (www.ibama.gov.br/tamar).
   Trabalha – se, por exemplo, na formação de agentes locais para aturarem como guias, em atividades culturais, na geração de renda para as mulheres como o artesanato, em educação ambiental, levando, sempre, a valorização das comunidades locais.
O conceito de desenvolvimento sustentável apresenta um forte apelo ambiental, mas entende – se, na atualidade, que esse conceito abrange questões, como a efetiva participação dos cidadãos, aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, visando à melhoria da qualidade de vida das comunidades.
A vinte e seis anos o Projeto TAMAR vem trabalhando com o objetivo de preservar as tartarugas marinhas e assim vêm “salvando” as comunidades locais, com o reconhecimento dos valores dessas comunidades e com a melhoria da qualidade de vida e com o efetivo exercício da cidadania.

Historicamente, a extensão rural no Brasil, trabalhou tendo sempre como objetivo final o produto agrícola, a cana – de - açúcar, o café, a soja, a laranja entre outros, com intensivo uso de insumos químicos, máquinas agrícolas e exploração ambiental, sem considerar o espaço e público trabalhado.
Atualmente, questionamos esse modelo de trabalho unicamente difusionista, em que o produtor rural era unicamente, receptor de informações e pacotes tecnológicos.
A extensão rural, hoje, busca seguir como estratégia a efetiva participação da comunidade, de todos os atores envolvidos no processo de desenvolvimento rural sustentável, assim preservando e conservando o meio ambiente, garantindo a segurança alimentar e promovendo o exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade, colocando as pessoas antes das coisas, especialmente os agricultores com características familiares.
   Para tanto, o profissional de extensão rural deve adotar uma formação mais multidisciplinar, ou pelo, menos, deve ampliar a capacidade de interagir com outras profissões; atuar como um facilitador de processos e consultor de projetos, devendo ser além de tecnicamente bem preparado, capacitado para que se desenvolvam as habilidades necessárias para atuar com grupos e organizações; tendo a capacidade de investigar, identificar e fazer disponíveis para os agricultores e suas famílias um conjunto de opções técnicas e não técnicas, compatíveis com as necessidades dos beneficiários e com as condições ambientais, caracterizando assim o papel do extensionista como agente de desenvolvimento rural.

   Aprendemos que para salvar tartarugas marinhas precisamos antes de tudo conhecer, respeitar e desenvolver as comunidades ribeirinhas, não será esse o caminho para o desenvolvimento das comunidades rurais?

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