Do campo à exportação: controle de pragas valoriza o café brasileiro
O monitoramento é o primeiro passo para o controle eficaz
A cultura do café é uma das mais importantes para o agronegócio mundial e, em especial, para o Brasil, líder global na produção. Contudo, pragas como o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) e a broca-do-café (Hypothenemus hampei) representam grandes desafios para a produtividade e a qualidade dos grãos. Adotar estratégias de manejo integrado é essencial para combater essas ameaças de forma eficiente e sustentável.
Bicho-mineiro: danos e controle
O bicho-mineiro é uma das principais pragas dos cafezais, podendo causar perdas de até 70% da produção. As lagartas desta praga se alimentam do tecido interno das folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta e comprometendo a produção de frutos.
O manejo integrado do bicho-mineiro combina práticas culturais, biológicas e químicas:
- Controle cultural: realização de podas regulares e adubação equilibrada para fortalecer a planta.
- Controle biológico: uso de inimigos naturais, como vespas parasitoides e fungos entomopatogênicos.
- Controle químico: aplicação de inseticidas seletivos, de acordo com o monitoramento da infestação, priorizando produtos com menor impacto ambiental.
- Broca-do-café: riscos econômicos e estratégias de manejo
- A broca-do-café, considerada uma das pragas mais prejudiciais à cultura, ataca diretamente os frutos, reduzindo o peso e a qualidade dos grãos.
Danos causados pela broca podem comprometer até 20% da produção, além de gerar perdas financeiras significativas, estimadas em mais de US$ 500 milhões ao ano no mundo.
Monitoramento como base do manejo
O monitoramento é o primeiro passo para o controle eficaz da broca-do-café. Deve ser realizado de três a cinco meses após a primeira florada, com armadilhas contendo etanol para atração dos insetos. Os frutos também devem ser inspecionados regularmente para identificar sinais de perfuração.
Técnicas de controle integrado
- Controle cultural: práticas como a realização de colheita eficiente, eliminando todos os frutos remanescentes do solo e das plantas, reduzem a oferta de alimento e local de reprodução da praga.
- Controle biológico: aplicação do fungo Beauveria bassiana e uso de extratos vegetais com ação inseticida, como Piper tuberculatum.
- Controle químico: recomendável quando 3% dos frutos estão infestados ou quando armadilhas capturam mais de 100 besouros adultos. Produtos específicos devem ser aplicados na "época de trânsito da broca" para maior eficácia.
Clima e manejo conjunto
Condições climáticas, como alta umidade e temperaturas elevadas, favorecem a proliferação tanto do bicho-mineiro quanto da broca-do-café. Por isso, é essencial associar diferentes técnicas de manejo ao monitoramento contínuo, visando minimizar os impactos das variações climáticas.
Impactos na produtividade e na qualidade do café
O manejo integrado dessas pragas não apenas protege os cafezais de danos severos, mas também contribui para a produção de grãos de alta qualidade, valorizando o café brasileiro no mercado interno e nas exportações. Com práticas bem planejadas e tecnologias disponíveis, produtores podem superar desafios fitossanitários e manter a competitividade do Brasil no setor cafeeiro global.