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Receber bem é um dom de diferentes gerações no Ceará

A atividade do turismo rural veio para implementar a renda da família


O Nordeste é destino certo para muitos turistas. Além das famosas praias, a região é rica em agricultura familiar. Segundo o último Censo Agropecuário, a região contém metade do total dos estabelecimentos familiares do país, são mais de 2 milhões. Só no Ceará, 53% do café produzido vem da agricultura familiar. E por que não mostrar para o mundo como é produção familiar do delicioso café brasileiro?

A cerca de 110 km de Fortaleza, no município de Guaramiranga, a agricultora familiar Maria Eunice Tavares, de 77 anos, decidiu abrir as portas da propriedade para o turismo rural. Há dois anos, ela compartilha com visitantes toda a história da família. “A gente conta desde de 1822 até a época atual. Depois desse histórico, mostra como era antes e como é atualmente, de como era a pilação do café, feito com a ajuda da força de animais, e de como é agora, com a máquina elétrica”, afirma. 
  
Depois de ficar por dentro de todas as informações, os turistas conhecem o maquinário e como funciona todo o processo de produção. A família também apresenta o engenho, onde é feito a rapadura e o açúcar mascavo, além de um pequeno alambique artesanal no qual é produzido aguardente de banana. A agricultora trabalha com a produção de café há 20 anos. A propriedade veio de herança do bisavô do marido e foi passando de geração em geração. Maria Eunice conta que para melhorar a produção, recorreu ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) duas vezes. No roteiro, a agricultora ainda abre um espaço para venda dos seus produtos. “Depois de receberem todas as explicações e conhecerem a produção, eles terminam com a visitação do quiosque, onde eles podem comprar os produtos”, explica. 

Diversificação
A atividade do turismo rural veio para implementar a renda da família. “Quando a gente se aposentou, eu pensei que ao invés de ficar parado, poderíamos incrementar alguma atividade aqui. A nossa propriedade é a única que tem todo esse processo do café no município”, conta. O estabelecimento da agricultora faz parte da Rota do Café, um roteiro turístico que passa por um grupo de propriedades que trabalham com o grão. “Muitas pessoas da cidade compram o café, tomam e não sabem todo o processo, o trabalho que dá para chegar ao ponto final, para chegar no produto. Eles gostam muito, todo mundo elogia”, afirma.

Para a turismóloga Nathália Hallack, consultora do Sebrae-DF, o turismo rural também é um objeto de reconhecimento do trabalho dos agricultores. “É um mecanismo de valorização dessa cultura, tanto por meio do turista que visita essas propriedades e passa a valorizá-la como do próprio produtor”, afirma. Maria Eunice concorda: “Fico satisfeita com o que a gente faz. Não é só por dinheiro, é mais uma satisfação pessoal”, diz a agricultora.

Fernanda Aquino, assessora estadual de apoio técnico da Empresa de Assistência Técnica do Ceará (Ematerce), conta que entre 2008 e 2012 foram feitas oficinas, encontros e intercâmbios para sensibilização e planejamento para o turismo rural na agricultura família no estado, inclusive com recursos de convênios com o então Ministério do Desenvolvimento Agrário, hoje Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). “No cenário de 184 municípios do Ceará, durante a implementação dos convênios, foram selecionados 25 municípios, localizados em regiões com maior concentração de fluxo turístico, incluindo litoral, serra, parte do sertão e região do Cariri”, afirma.  

Ela conta que em 2016, os trabalhos de turismo rural foram concentrados em alguns municípios, como Aquiraz, Cascavel e Crato. Segundo Fernanda, foram 340 agricultores familiares atendidos, com 32 unidades gastronômica e 8 trilhas ecológicas, em aproximadamente 20 comunidades. Ela ainda destaca o trabalho com artesanato, também ligado ao turismo. “Eles usam basicamente matéria prima oriunda das atividades agrícolas, como fibras vegetais, sementes e cascas, areia e argila, madeira, couros e peles e têxteis (fio e tecido). Em 2016, essa atividade contemplou 1.254 agricultores familiares em 45 municípios”.

A Ematerce presta orientações na utilização dos recursos oriundos das políticas públicas, apoiando as referidas atividades. Fernanda Aquino ressalta que a Emater articula com instituições parceiras para promover ação de capacitação e fortalecimento das atividades não agrícolas no espaço rural. 

Descubra o Brasil Rural 
Ao longo de uma semana, a Sead divulga atrações, ações e políticas voltadas para o turismo rural. A ideia é estimular, valorizar e reconhecer projetos de diferentes regiões do país.  Leia mais aqui.

2017: o Ano Internacional do Turismo Sustentável 
Com este marco, a ONU promove o papel do turismo em cinco áreas-chave: crescimento econômico inclusivo e sustentável; inclusão social, emprego e redução da pobreza; eficiência de recursos, proteção do ambiente e alterações climáticas; valores culturais, diversidade e patrimônio; compreensão mútua, paz e segurança. A declaração oficial foi feita ontem, durante uma feira em Madri. Saiba mais aqui.

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