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Produtores de milho dos EUA temem disputa com América do Sul por mercado mexicano

Um comprador de grãos em uma usina de milho no México disse à Reuters na quinta-feira já pediu cotações de preços para exportadores do Brasil e da Argentina, para envio ao México


As tentativas do México de diversificar seus fornecedores de milho podem ameaçar um mercado crucial para produtores dos Estados Unidos, que estão cada vez mais dependentes de exportações para escoar estoques recordes que têm pressionado os preços. O México compra dos Estados Unidos quase toda sua importação de milho, em carregamentos que totalizaram 13,6 milhões de toneladas no ano encerrado em 31 de agosto de 2016. As vendas representam cerca de 28 por cento de todas as exportações de milho dos EUA, segundo do Departamento de Agricultura (USDA).

Contudo, o México quer agora reduzir sua dependência dos EUA, à medida que o presidente norte-americano Donald Trump ameaça interferir no comércio entre os dois países. Na quinta-feira, o ministro de Agricultura do México disse que tem planos de visitar a Argentina e o Brasil para comprar milho. O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, havia dito na semana passada que as políticas protecionistas que estão sendo implementadas pelo novo presidente dos Estados Unidos já estão abrindo espaço para negociações do Brasil com novos compradores de produtos do agronegócio, como o México. Segundo Blairo, uma rodada de negócios com empresários mexicanos deverá ocorrer a partir do dia 20 de fevereiro.

Um comprador de grãos em uma usina de milho no México disse à Reuters na quinta-feira já pediu cotações de preços para exportadores do Brasil e da Argentina, para envio ao México. O México costuma importar da América do Sul ou outros países além dos EUA apenas quando os preços estão atrativos e quando a oferta está apertada.

Atualmente os preços do milho dos EUA entregue no México estão em 190 dólares por tonelada, cerca de 10 a 15 dólares mais barato que o da América do Sul, disseram fontes do mercado. "A extensão na qual vai haver qualquer mudança (do México) para oferta da América Latina, francamente depende do preço. Nesse momento, não funciona, portanto teria que haver algo mais que dispare isso", disse o presidente da trading Bunge, Soren Schroder, em uma conferência com analistas na quarta-feira.

Produtores dos EUA estão preocupados com a possibilidade de os primeiros movimentos da administração Trump ameaçarem exportações, que são um raro foco de prosperidade em uma economia agrícola que sofre com queda de receita. Trump já levantou a perspectiva de renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), com México e Canadá. O Nafta, segundo produtores de alimentos, ajudou a quadruplicar as exportações de produtos agrícolas dos EUA para a região nas últimas duas décadas. "Nós estamos preocupados que a escalada na retórica esteja criando um ambiente em que compradores mexicanos sintam a necessidade de olhar para fornecedores alternativos, o que poderia afetar a fatia de mercado dos EUA", disse o Conselho de Grãos dos EUA, um grupo de comércio que fomenta mercados de exportação, em uma nota à Reuters.

(Karl Plume)

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