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Genética Hereford brasileira a caminho do Quênia

Essa iniciativa, por ser pioneira, já que a exportação foi realizada por uma Associação de Raça, e não um produtor ou empresa


Após quase 4 anos de negociações, visitas a propriedades e de superação de entraves burocráticos no Brasil, a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) expediu no dia 09/02, para Nairobi, no Quênia, a primeira partida da exportação de sêmen, prevista no acordo firmado entre a entidade e o Ministério da Agricultura e Pecuária do Quênia, que visa a melhoria dos rebanhos bovinos de pequenos produtores naquele país, através do cruzamento com animais da raça Hereford, testados na Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores HB, realizada em parceria com o Polo de Excelência de Genetica de Raças Taurinas (PoloGen) da Embrapa Centro Pecuária Sul (Bagé – RS), replicando, na África, o modelo de projeto de apoio a pecuaristas familiares que a entidade realiza desde de 2002.
 
Essa iniciativa, por ser pioneira, já que a exportação foi realizada por uma Associação de Raça, e não um produtor ou empresa, teve que superar um mar de obstáculos protagonizado por diversos órgãos brasileiros, principalmente, pelo ineditismo da operação, além do que, a dificuldade natural de uma associação realizar pela primeira vez uma exportação desse gênero.
 
O acordo foi firmado na Expointer de 2013 através do projeto de promoção a exportação de genética brasileira, Brazilian Hereford & Braford, realizado em parceria com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) – parceria esta desfeita ao final de 2015 devido a Agencia ter optado por só apoiar a promoção de exportação de genética realizada pela Associação Brasileira de Criadores de Zebú (ABCZ) – visa a exportação de sêmen das raças Hereford e Braford e embriões da raça Braford, além da transferência de conhecimento nas áreas de biotecnologia, manejo e melhoramento genético, através do envio ao Quênia de técnicos da entidade e empresas parceiras, para orientar técnicos do governo e pecuaristas familiares, a fim de aumentar a produtividade de seus rebanhos.
 
“Apesar do apoio de autoridades governamentais dos primeiro e segundo escalões do governo brasileiro, enfrentamos muitas dificuldades nos trâmites burocráticos protagonizados pela estrutura de exportação brasileira que trata igual exportadores de grandes volumes de mercadorias e pequenos exportadores empreendedores”, explica Fernando Lopa, ex-presidente da ABHB, que negociou o acordo, e atual CEO da entidade.

“São inacreditáveis os problemas, toda ordem de dificuldades aparecem, como meses para habilitar a associação para exportar; negociações diretas com o país para alterações nos protocolos sanitários e a aceitação destas pelo nosso Ministério; greves, operações padrão, férias e interpretação errônea da legislação vigente por funcionários da receita ou fiscais agropecuários, que causaram percalços desde da entrada dos animais na central para coleta até a perda de horário de frete; dificuldades, também, com transportadoras, despachantes e tramite de documentos dentro de uma associação nacional, onde o surgimento de necessidades de documentos não informados com antecedência, demandam dias para serem viabilizados, pois os dirigentes quase sempre não residem na cidade sede da entidade; para se ter uma ideia, até para a realização do cambio foi complicado, demoramos quase 2 meses para que o Banco do Brasil efetivasse o depósito na conta da entidade. Muitas vezes pensamos em desistir, mas como entidade tínhamos que achar o caminho para viabilizar estas pequenas exportações de genética”, desabafa o dirigente.
 
Nesta etapa foram enviadas 1.000 doses de sêmen adquiridas pelo governo do Quênia e 1.000 doadas, em contrapartida, pela ABHB dos touros ASP C104 Pontaço Jr. (KENYA), da Agropecuária São Pedro, e Sina Sina L45 (NAIROBI), da Fazenda São Manoel, respectivamente campeão e 3º colocados da PAC 2013-2014, ambos criatórios de Alegrete – RS, coletados na Central CORT Genética Brasil de Uruguaiana – RS, que também realizou todo os tramites sanitários e o apoio logístico necessários à exportação. O acordo prevê o envio de 4 mil doses de sêmen da raça Hereford, 4mil da Braford e 1 mil embriões da raça Braford em 5 anos.

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