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Conheça projetos que promovem reflexão sobre o uso da água

Unidade pantaneira de pesquisa sedia seminário no Dia Mundial do Recurso


Os diversos usos da água e as possibilidades para sua recuperação foram alguns dos temas abordados por pesquisadores, professores, representantes do poder público e estudantes neste 22 de março. No Dia Mundial da Água, o auditório da Embrapa Pantanal recebeu o seminário “Águas Residuais”, realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Corumbá, para promover debates a respeito da importância e utilização de um dos bens naturais mais importantes para a sociedade. “O dia exige mais reflexão que comemoração. A água é essencial não só para a produção, mas para a vida como um todo.

O tema do seminário este ano aborda um desafio muito grande: como podemos superar o problema dos resíduos na água, assim como as maneiras de tratar, conservar e utilizar melhor esse recurso tão importante e cada vez mais escasso no nosso planeta”, diz a pesquisadora Catia Urbanetz, chefe-geral em exercício da unidade pantaneira de pesquisa da Embrapa.

Com a questão dos resíduos como o fio condutor das discussões, o professor Willian da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), falou sobre o destino que damos à água depois que ela é utilizada no dia a dia das casas, comércios e indústrias. “A água residual, a grosso modo, é aquela que vai para o ralo e, consequentemente, para o esgoto, que é um grande complexo de substâncias orgânicas, inorgânicas e microrganismos”, afirma. “Usamos água de boa qualidade e a descartamos no sistema com uma qualidade ruim. Para que isso não impacte o ambiente de maneira tão profunda, precisamos tratá-la, tirar o máximo possível de contaminantes para devolvê-la a esse ambiente. Não existe ´água nova´: ela faz parte de um ciclo. Aquela água que você jogar fora vai ser bebida por alguém”.

Sabendo da importância de se dar um destino adequado aos resíduos decorrentes da ação humana, o pesquisador da Embrapa Pantanal Ivan Bergier desenvolveu um projeto que visa favorecer a sustentabilidade na produção animal – em particular, na suinocultura – atuando na reciclagem da água. “Um equipamento separa a fração sólida da água residual dessa atividade e aproveita essa fração para fertilizar a produção de grãos. Aí, realizamos a reciclagem real: voltamos os nutrientes produzidos para fazer o grão por meio de um sistema que passa pelo animal, por biodigestores, por uma lagoa de decantação”, diz. “O trabalho de economia circular reaproveita os resíduos e os transforma em matéria prima dentro da cadeia produtiva, buscando retornar esse material da forma mais eficiente possível ao ambiente”.

O técnico químico Marcel Marcondes discutiu, ainda, o tratamento da água na área da saúde: ele é responsável pelos processos que tratam a água usada em máquinas de hemodiálise na Santa Casa de Corumbá. De acordo com Marcondes, ela é desmineralizada e passa por um processo chamado de osmose reversa (pelo qual se obtém uma água muito pura, separada de agentes contaminantes nocivos à saúde humana) antes de ser utilizada para filtrar o sangue dos pacientes. “A clínica recebe água potável da empresa de saneamento da cidade e, a partir desse momento, começamos a retratar essa água, decantando o material em um tanque de espera de 10 mil litros, passando por um filtro de areia e, assim, sucessivamente, por um abrandador, um filtro de carvão, até chegar à osmose”.

O técnico ressalta que, para a hemodiálise, a qualidade da água é essencial. “Se tivermos alguma contaminação, não temos tempo de salvar o paciente. É um risco muito alto que não permite nenhuma porcentagem de erro”. Para o pesquisador Ivan Bergier, todo uso intensivo dos recursos naturais exige um planejamento acerca do destino e retorno dos resíduos, “sejam eles quais forem – sólidos, líquidos, gasosos”. O vereador Mohamed Abdalla, secretário especial de Agricultura Familiar, foi um dos representantes da Prefeitura Municipal de Corumbá a participar dos debates. “A gente sabe que cada real investido no tratamento de esgoto economiza três reais gastos com doenças no sistema de saúde. Por isso, é fundamental discutir a recuperação e, principalmente, o melhor uso da água pela sociedade”.

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