CI

Análise semanal do mercado do milho

As cotações do milho em Chicago recuaram um pouco durante a semana


As cotações do milho em Chicago recuaram um pouco durante a semana, porém, o movimento foi pequeno e o processo tem se caracterizado muito mais como de estabilidade do que de baixa na Bolsa. O fechamento desta quinta-feira (23) ficou em US$ 3,56/bushel, após US$ 3,66 uma semana antes.

Também aqui a expectativa é para com o relatório de intenção de plantio dos EUA, neste próximo dia 31/03. Especialmente porque, no caso do milho, há um sentimento de redução na área semeada, fato que pode elevar as cotações em Chicago, mesmo com o mercado já precificando parte deste movimento.

As vendas líquidas estadunidenses de milho, para o ano 2016/17, iniciado em 1º de setembro, somaram 1,22 milhão de toneladas na semana encerrada em 09/03. Esse volume ficou 70% acima da média das quatro semanas anteriores e deu sustentação às cotações. O México foi o principal comprador com 300.400 toneladas. Para o ano 2017/18 as vendas somaram 218.100 toneladas. A soma dos dois anos superou o esperado pelo mercado.

Por sua vez, as inspeções de exportação de milho por parte dos EUA alcançaram 1,33 milhão de toneladas na semana encerrada em 16/03. No acumulado do ano comercial 2016/17 o volume chega a 30,3 milhões de toneladas, contra apenas 17,6 milhões um ano antes na mesma época.

Paralelamente, a colheita na Argentina se inicia neste final de mês e a mesma é esperada ao redor de 38 milhões de toneladas.  Igualmente o clima nos EUA para abril deverá ser o foco das atenções daqui em diante. Espera-se um verão com chuvas normais por lá.

Na Argentina, a tonelada FOB recuou para US$ 175,00 nesta semana, enquanto no Paraguai a mesma ficou em US$ 100,00.

No Brasil, a semana abriu com o mercado indicando redução de preços mais uma vez. Em São Paulo, os consumidores estão com estoques de milho adequados, forçando a redução dos preços do cereal. A Sorocabana paulista ficou entre R$ 30,00 e R$ 31,00/saco, enquanto o referencial Campinas se manteve ao redor de R$ 35,00/saco CIF. A colheita avança no Estado, pressionando ainda mais os preços. Aliás, esse é um movimento praticamente nacional no momento. No porto, os preços de compra para a safrinha continuam longe da intenção de venda, freando os negócios de exportação.

Nesse sentido, nos primeiros 13 dias úteis de março o Brasil exportou apenas 163.000 toneladas, contra 1,77 milhão em igual momento do ano passado (cf. Safras & Mercado).

Assim, a tendência geral continua sendo de preços mais fracos para o cereal, sob pressão da colheita. Até o dia 17/03 a mesma chegava a 47% no Centro-Sul brasileiro, contra 65% no mesmo momento do ano anterior. O Rio Grande do Sul alcançava 68% de área já colhida, Santa Catarina 45%, Paraná 43%, São Paulo 58%, Mato Grosso do Sul 40%, Goiás/DF 39%, Mato Grosso e Minas Gerais 30% (cf. Safras & Mercado). Portanto, até a data indicada faltava colher mais da metade da área semeada com o cereal no país. Há muito milho para entrar no mercado ainda, fato que eleva os estoques. Ora, sem exportações importantes, somente o mercado interno pode reverter o quadro baixista. Nesse contexto, o escândalo da carne, revelado pela Operação Carne Fraca, deve impactar negativamente no consumo de milho e farelo de soja já que a produção de carne tende a sofrer um revés, por algum tempo, no Brasil na medida em que mercados externos importantes estão se fechando temporariamente.

Esse quadro indica que a queda nos preços dependerá, no curto prazo, do posicionamento de venda dos produtores de milho. Dito de outra forma, em que momento o produtor deixará de vender milho devido ao seu baixo preço. Talvez alguma melhoria possa ocorrer a partir de julho, caso o clima nos EUA comece a indicar problemas (cf. Safras & Mercado). Pelo sim ou pelo não, por enquanto o quadro se mantém baixista para os preços do milho no país.

Diante de todo este contexto, o balcão gaúcho fechou a semana em baixa, atingindo a R$ 22,44/saco em média, enquanto os lotes ficaram em R$ 25,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 20,00/saco em Sapezal, Campo Novo do Parecis e Sorriso (MT), até R$ 27,00/saco em Concórdia (SC).

Enfim, o plantio da safrinha atingiu, no dia 17/03, 96% da área esperada no Centro-Sul brasileiro e a mesma aponta para um recuo de 5,5% em relação ao ano anterior, sendo insuficiente para reverter, sozinha, o quadro baixista dos preços.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.