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Trump pode extinguir programa Estimativas Globais de Oferta e Demanda do USDA

Programa serve de balizamento para o mercado


Para reduzir custos com a máquina estatal norte-americana, o governo Trump deve promover uma série de cortes em estruturas públicas. Uma das medidas que causa mais polêmica é a da possível extinção do programa Estimativas Globais de Oferta e Demanda (WASDE, na sigla em inglês), que gera relatórios periódicos para o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).

Criado em 1973, o WASDE se tornou a grande referência dos mercados de commodities ao produzir estimativas de produção e estoques em todo o mundo. O programa serve de balizamento para o mercado e possui força de influência capaz de direcionar movimentos na Bolsa de Chicago, além de outras especializadas no comércio de commodities. 

O serviço é significativamente custoso, porque mantém profissionais do USDA, como economistas e agrônomos, reunindo informações de nada menos que 72 países. Fontes anônimas do USDA afirmaram que vivem clima de apreensão e não duvidam do fim do programa de estimativas globais. Eles acreditam, porém, que o mais provável é que o programa seja apenas reduzido para uma menor quantidade de países, revela o jornalista Luís Vieira, que é correspondente do portal Agriculture.com na América do Sul e editor do site AgroSouth News

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial nunca existiu um corte de gastos tão profundo no governo dos Estados Unidos, segundo os jornais norte-americanos. O corte histórico de emprego público da administração Trump é uma tentativa de baixar a dívida pública e reduzir o pagamento de juros da dívida – que deve subir de US$ 270 bilhões para US$ 768 bilhões em dez anos se não forem feitos os cortes.

Muitas consultoras já dão como certa a extinção de muitos postos em Washington e a redução de pelo menos 2% da força de trabalho na capital americana. Mas há duas agências com grande importância internacional que certamente sofrerão grandes cortes: o USDA e o USAID (Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional).

Diversos programas do USDA estiveram na linha de frente das críticas dos think tanks (institutos privados de pesquisa) conservadores como a Heritage Foundation, que talvez seja o mais influente no governo Trump. Um dos programas mais criticados do USDA é o Rural Housing Service, que foi criado para subsidiar crédito para compra de casas em zonas rurais dos EUA, mas acabou sendo utilizado em zonas urbanas e é considerado de alto custo e risco. Outro programa que tem grande chance de ser cortado é o Programa de Inspeção de Peixe-gato, que tem atribuições duplicadas com a FDA (Administração de Alimentos e Drogas).

Os impactos de outros cortes devem ser sofridos fortemente na comunidade agrícola de países com forte ligação política com os Estados Unidos. Na América Latina, países como Chile, Colômbia e México (além de países centro-americanos) podem sofrer redução ou eliminação de ajuda com pesquisa agrícola, assistência técnica e mesmo envio de comida. 

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