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Rancho de Brazlândia (DF) recebe 200 visitantes por semana

Flores e comidas típicas dão um toque especial ao turismo rural no Rancho Paraná, no DF


Quando se fala de turismo em Brasília, é comum pensar somente nas visitas cívicas. Porém, a cerca de 50 quilômetros dos famosos monumentos de Oscar Niemeyer, no Plano Piloto, agricultores familiares têm atraído visitantes às suas propriedades. O Rancho Paraná, da família de Rosany Carvalho, em Brazlândia, recebe cerca de 200 visitantes por semana. A produção de flores, com cerca de 100 variedades, encanta os turistas que chegam à propriedade.

A família abre as portas de um ambiente confortável, com o verdadeiro clima de interior. O restaurante tem decoração rústica, com cabaças, lamparinas e uma deliciosa comida caseira que lembram as antigas casas rurais. Os visitantes também podem curtir o pesque-pague e fazer uma visita guiada pela produção de flores, que ainda é a principal fonte de renda dos proprietários.

O nome do rancho tem relação com a origem da família. No Paraná, eles produziam café e trabalhavam com lavoura. Em Brasília, decidiram apostar no cultivo de flores. Mas no início não foi fácil. Começaram plantando angélicas e não tiveram muito lucro, pois era uma flor com um perfume muito forte. Rosany conta que logo concluiu que precisava diversificar. “Então reduzimos a produção de angélica e começamos a produzir as flores tropicais”, lembra.

A ideia de abrir a propriedade para visitantes surgiu depois de uma palestra sobre turismo rural, há 20 anos, na qual foram apresentadas experiências de agricultores do Espírito Santo. “Vendo as imagens, percebemos que parecia a nossa propriedade, a nossa família. Fomos nos identificando. Produzimos algumas frutas e já fomos pensando em transformá-las em doces para o restaurante. A gente foi se vendo naquela proposta do turismo rural”, detalha Rosany. 

Processo

Eles começaram aos poucos, recebendo os visitantes na varanda da casa. “No primeiro final de semana, vieram sete pessoas. De repente tinha 40 para almoçar. Fiquei preocupada porque não tinha mais lugar e a gente viu que precisava crescer”.  Hoje, a propriedade tem um espaço para 300 pessoas. Além de oferecer o almoço e a visita à produção de flores, a família aproveitou para vender aos visitantes os produtos, não só da propriedade, mas também de agricultores da região. Rosany conta que o turismo veio como um complemento, e que a família não pretende parar com o cultivo das flores.

O público varia entre estrangeiros, moradores de outros estados, mas principalmente de brasilienses. “Tem gente que diz que Brasília é uma cidade fria, que só tem monumentos. Eu sempre digo que as pessoas que vêm aqui e não conhecem seu lado rural ‘foi em Roma e não viu o Papa’”, brinca Rosany.   

A turismóloga Nathalia Hallack, consultora do Sebrae-DF, dá dicas para os agricultores que pretendem ingressar no turismo rural: “O primeiro ponto é a motivação, o segundo é buscar os órgãos de fomento. Também é importante articular e se associar a outros proprietários rurais”, comenta. Segundo a especialista, um ponto muito importante é não deixar de lado as atividades produtivas, já que essa “origem” geralmente é o que mais encanta os visitantes.  

Futuro

A família à frente do Rancho Paraná já está na terceira geração. Na propriedade, mora a dona Prakceda e o senhor Francisco, com os três filhos e os netos. De acordo com o estudo “Retrato do Turismo Rural No Brasil, com foco nos Pequenos Negócios”, realizado pelo Sebrae, a maioria dos empresários que trabalham com turismo rural tem idade entre 25 e 29 anos. Eles estão em mais de 70% das propriedades pesquisadas. Camilla Holz, de 24 anos, neta de Francisco e estudante de biologia afirma que não pretende deixar o rancho. “Poder inserir tudo que eu aprendo na faculdade aqui é muito bom. Vai ser gratificante poder dar continuidade ao trabalho que minha família já vem realizando”. 

Rosany conta que a agricultura familiar tem ajudado a família a permanecer unida. “Se cada um fosse arrumar um emprego fora, com certeza a gente não teria hoje essa integração. Se você tem perspectiva para o seu filho e neto por que você vai sair do meio rural?”, ressalta.

Descubra o Brasil Rural

Ao longo de uma semana, a Sead divulgou atrações, ações e políticas voltadas para o turismo rural. A ideia é estimular, valorizar e reconhecer projetos de diferentes regiões do país. Leia mais aqui. 

2017: o Ano Internacional do Turismo Sustentável

Com este marco, a ONU promove o papel do turismo em cinco áreas-chave: crescimento econômico inclusivo e sustentável; inclusão social, emprego e redução da pobreza; eficiência de recursos, proteção do ambiente e alterações climáticas; valores culturais, diversidade e patrimônio; compreensão mútua, paz e segurança. A declaração oficial foi feita esta semana, no dia 18 de janeiro, durante uma feira em Madri. Saiba mais
 

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