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Tratamento de sementes e os patógenos “Soil borne” em soja


Instituto Phytus
Os dados da última safra de soja, assim como as estimativas para a safra 2014/2015 mostram um cenário otimista, principalmente, em função do crescimento das exportações para China e União Europeia, fato que pode traduzir-se em aumento de investimentos em máquinas, fertilizantes, sementes, entre outros, por parte dos produtores. Porém, juntamente com a expansão na área plantada, crescem os problemas fitossanitários, especialmente pragas e doenças que atacam a cultura na fase inicial de desenvolvimento.
Nesse sentido, é importante considerar não somente os patógenos que são transmitidos via semente como também o inóculo presente no solo, comumente citado como “soil borne”. Dentre estes patógenos habitantes do solo podemos dar ênfase para Fusarium spp. , causador da síndrome da morte súbita ou podridão vermelha da raiz em soja. Essa doença é responsável por consideráveis perdas de produtividade da cultura, sendo que para a redução das perdas é necessário lançar mão das técnicas do manejo integrado, pois o controle químico é limitado somente ao tratamento de sementes ou aplicação no sulco, sendo efetivo apenas nos estágios iniciais de desenvolvimento da planta.
O mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) da soja é uma das doenças que vem ganhando importância pelos danos causados, especialmente em regiões de clima ameno e altitudes superiores a 600 m. A doença apresenta alta taxa de transmissão do patógeno via sementes, podendo variar de 1 a 9% dependendo do controle de qualidade da produção. Além disso, os esclerócios, que são as estruturas de resistência do fungo, podem sobreviver por mais de 10 anos no solo sem que a sua condição epidemiológica seja afetada, fato que torna ainda mais difícil o controle da doença em áreas com ocorrência. Alguns fungicidas, via tratamento de sementes, têm apresentado redução na incidência da doença até 12 dias após a emergência: Piraclostrobina+ Tiofanato metílico+ Fipronil; Tiofanato metílico + Fluazinam e Fludioxonil+ metalaxyl-m.
Outro patógeno de grande importância presente no solo é o Rhizoctonia solani. Especialmente por ser um fungo polífogo e que forma esclerócios, tem seu controle dificultado pelas práticas de manejo integrado, como a rotação de culturas. Em áreas com histórico da doença a forma mais viável de controle é o tratamento de sementes. Os fungicidas que apresentam eficácia como: Captan; Piraclostrobina+ Tiofanato metílico+ Fipronil e Carboxin +Thiram. Phytophthora sojae e Pythium spp. também são causadores de danos em plântulas de soja. A podridão radicular por fitóftora além de causar apodrecimento de sementes e a morte de plântulas, também causa a morte de plantas adultas em qualquer fase de desenvolvimento, reduzindo o estande de plantas e de produção. Em casos de chuvas e temperaturas mais amenas na ocasião da semeadura, as chances de ocorrência da doença aumentam. Os fungicidas via tratamento de sementes com melhores resultados são Metalaxil-m e Mefenoxam, isolados ou em associação com outros ativos.
Por fim, é importante alertar sobre o complexo Diaporthe/Phomopsis, doença com importância relativa, mas que vem ganhando destaque nas últimas safras, possivelmente pela fácil confusão no diagnóstico com doenças como Macrophomina sp. Este complexo está associado a várias doenças da soja, como a seca da haste e da vagem, o cancro da haste e a podridão da semente. As sementes afetadas geralmente não germinam ou tem germinação mais lenta, prejudicando o estande da lavoura. As sementes com infecção superficial, quando semeadas em solo úmido, podem emergir, porém, o fungo desenvolve-se no tegumento impedindo que os cotilédones abram-se, prejudicando a expansão das folhas primárias.
Apesar de ser transmitido via semente, a forma de disseminação que merece maior atenção é através dos restos culturais onde são encontrados os picnídios do fungo. Uma característica importante desse complexo é o fato de, apesar de haver infecção nos estádios iniciais de desenvolvimento, o patógeno pode ficar longos períodos em incubação, evidenciando-se os sintomas durante o período reprodutivo. Nas últimas safras de soja tem sido detectada a morte de plantas, no final do ciclo, em função dessa doença, principalmente quando utilizadas cultivares sem resistência e longos períodos de seca. O tratamento de sementes com fungicidas do grupo dos benzimidazóis (Carbendazim, Tiofanato metílico e Tiabendazol) apresentam eficácia de controle sobre o patógeno.
Todos os patógenos citados, além de ter o solo e os restos culturais como fonte primária de inóculo, também são transmitidos via sementes. Ressalta-se que podem ser facilmente detectados em testes de patologia de sementes e, por isso salienta-se a importância da sua realização visando posicionar o melhor tratamento, diminuindo assim, a fonte do inóculo além daquela já presente. 
Caroline Gulart, engenheira agrônoma, com Mestrado em Agronomia e Doutorado em Engenharia Agrícola pela UFSM, atua como pesquisadora e Coordenadora de Proteção de Sementes do Instituto Phytus.
Contato: [email protected]            
 
 
 
 
 
 
 

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