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Soja safrinha ou segunda safra


Instituto Phytus
O preço elevado pago pela commoditie no mercado internacional tem levado uma parcela expressiva de produtores a optar por repetir a safra de soja na mesma área de cultivos anteriores, no ano agrícola. Em grande parte do Paraná, do cerrado brasileiro e do norte do Rio Grande do Sul essa realidade tem sido recorrente, porém, a repetição do cultivo da mesma cultura traz algumas implicações no manejo fitossanitário. Sobre o aspecto fitopatológico, a manutenção do mesmo hospedeiro suscetível em um ambiente favorável somada à disponibilidade de inóculo acaba por contemplar todas as premissas do triângulo da doença.
O custo do manejo da cultura da soja tem subido proporcionalmente à expectativa de produtividade do produtor rural. Tetos produtivos mais altos requerem investimentos em fertilidade, maquinário e proteção foliar. Neste último, observa-se que a eficiência da maioria dos fungicidas tem ficado abaixo das expectativas, especialmente para doenças necrotróficas, que, em sua maioria, são causadoras de manchas foliares. Essa menor eficiência está atrelada à presença cada vez mais precoce dos sintomas da doença sobre os tecidos do hospedeiro, fruto direto da manutenção do patógeno nos restos culturais, remanescentes de cultivos anteriores. Patógenos como Corynespora cassiicola (causador da Mancha Alvo), Colletotrichum dematium var. truncatum (causador da Antracnose), Cercospora kikuchii e Septoria glycines (causador da DFC’s) entre outros, mantêm seu ciclo de vida durante todo o ano, o que eleva a taxa de progresso sobre a cultura cada vez que o ciclo se repete.
Neste sentido, a soja safrinha, ou segunda safra de soja, oferece todas as condições para manutenção do patógeno que estava infectando os tecidos na safra anterior, retomando a infecção ainda mais severa sobre a nova planta. Além disso, a grande parte dos adeptos desse manejo têm destinado essa segunda soja para produção de sementes. Resgatando os conceitos práticos, patógenos necrotróficos são prontamente transmitidos por semente, portanto, a safra futura estará carregando uma quantidade muito grande de patógenos e, inevitavelmente, apresentará sintomas precoces na folhagem.
Com o início dos sintomas nos primeiros estádios da lavoura o patógeno evolui sobre boa parte da área foliar da cultura, especialmente quando é tomada a decisão de começar o programa de aplicações de fungicidas. Neste caso, o momento de aplicação passa a ser erradicativo ao patógeno instalado, ocorrendo um controle momentâneo e de curta duração, refletindo em residuais menores e na necessidade de reposição da aplicação em intervalos cada vez mais curtos.
A alternativa de manejo para aumentarmos a eficácia de controle não está em posicionarmos mais aplicações de fungicidas e sim em entender o processo da doença e a reduzir a presença do inóculo na área, especialmente os necrotróficos. 
Marcelo Gripa Madalosso – Engenheiro agrônomo com doutorado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, pesquisador da área de fitopatologia e Gerente de Pesquisa e Ensino do Instituto Phytus.                   
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