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Soja na CBOT e futuro das commodities


Nei Pflug Ketzer
Inicialmente meus sinceros desejos de um feliz 2015 a todos leitores e colaboradores deste periódico eletronico. 
 
Gosto muito de falar sobre a CBOT(Chicago Board of Trade=Bolsa de Mercadorias de Chicago), porém, fico indeciso em falar/escrever demais sobre isso, pois Bolsa no nosso país parece ser algo ligado a especulação ou jogo com 'cartas marcadas' como costumei a ouvir desde criança.  Por outro lado, se alguém fosse apostar na Bolsa pelos fundamentos(fatos) ou gráficos(análise técnica), teria que ganhar sempre. Ou pelo menos, todos aqueles que se dizem entendidos em fundamentos ou análise de gráficos já deveriam estar mais do que ricos....
 
Não é bem assim que as coisas ocorrem tanto na CBOT como em qualquer outro tipo de Bolsa. 
 
Mas hoje falaremos da CBOT por um outro foco.
 
 
Vejam bem o que está ocorrendo com o petróleo: está perdendo preço e creio que todos conhecem bem a razão disto: Eua passou de grande importador a exportador de petróleo. Fez bem a lição de casa, exceto no que se refere ao meio ambiente, pois o petróleo extraído do gás de xisto(em inglês:fracking) requer escavações profundas feitas através de fortes jatos de água  que terminam por expor ao  meio ambiente milhões de metros cúbicos de terra e rochas extraídas além de raízes, árvores destroçadas, etc.
 
Enquanto os preços do petróleo caem - chegando a alcançar cifras 40% mais baixas que um ano atrás - países que viviam exclusivamente da venda do petróleo (e da entrada dos  petrodólares) iniciam a passar privações de toda ordem. E neste patamar encontram-se Venezuela (que tentará obter uma ajuda econômica/financeira do Brasil via Mercosul já que ela faz parte do mesmo), Rússia (que foi obrigada a alterar sua economia devido ao desastre da venda de petróleo), Irã e eventualmente Iraque. Efetivamente não sei o que alguns países farão para substituir a necessária entrada de petrodólares. Na minha visão que está longe de ser abrangente, presumo que uma crise se avizinha silenciosamente....
 
Toda vez que uma commodity - neste caso o petróleo - é atingida por um fator externo muito forte que mexe com seu preço de forma drástica/rápida (tanto para mais como para menos), todas as outras commodities sofrem junto e incondicionalmente repetem o movimento sofrido....
 
Sempre nos alegra saber que de uma hora para outra compraremos mais barato, e se formos comprar novamente, estará mais barato ainda. A economia tem reflexos e se alguém está comprando barato, podem ter toda certeza que alguém está tirando proveito direto disto, porém quem está deixando de vender  estará criando problemas insolúveis para si....
 
Todos estes detalhes visam  deixar o leitor ciente que a crise do petróleo (que poderia ser simplesmente corrigida caso os países produtores de petróleo - através do seu cartel OPEP - diminuíssem suas produções, porém há pontos de vista  divrergentes e o preponderante é que o preço do petróleo deva chegar a bem menos que o preço do petróleo extraído do  gás de xisto). Considero uma guerra de gigantes envolvendo economias mundiais de todos tamanhos  que ficarão jogando tudo até que o petróleo da OPEP chegue aos US$40,00 por barril que é o custo aproximado e atual do petróleo extraído do gás de xisto.  
 
E a soja - está sendo penalizada por isto? Pessoalmente diria que todas as commodities estão  sofrendo por isto: umas mais e outras menos. Creio que muitos nem querem imputar culpa alguma à queda dos preços do petróleo, mas que os preços estão caindo, sim, continuam caindo.
 
Mas ainda existe uma forte demanda de soja por parte da China, mas apesar da super safra americana de 107,7 milhões de toneladas e de uma expectativa de safra brasileira ao redor de 94 milhões toneladas (embora veicule-se que ela possa ser de 90 a 95 milhões de toneladas - dependendo das condições climáticas e do poder de contaminação/destruição das pragas conhecidas e desconhecidas), os preços da soja continuam no patamar dos dez dólares por bushel(medida americana de volume que equivale ao redor de 27 quilos de soja).
 
Para os plantadores e exportadores brasileiros, ainda são acrescentadas algumas vantagens não esperadas: o pagamento de prêmios para agilizar os embarques nos portos além de  um real desvalorizado 13% no ano de 2014 - e que deve continuar a perder valor enquanto a base econômica do novo governo não se solidificar.  
 
A curto prazo esta tendência deve ser mantida, porém discute-se a permanência dos preços baixos no longo prazo, pois muitos fatos acontecem na geopolítica econômica e que podem, de uma hora para outra, além de inverterem a tendência atual, criarem uma falsa e momentânea sensação de alta nos preços da soja como nas demais commodities.  

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