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Soja: atualizando a tendência


Argemiro Luís Brum
Os preços da soja em Chicago voltaram a recuar fortemente, após ensaiarem uma recuperação especulativa a partir de meados de abril passado. Isso consolida o fato de que a oleaginosa acompanha o movimento baixista das commodities mundo afora, iniciado há dois anos. Após bater o recorde histórico de US$ 17,71/bushel, exatamente em setembro de 2012, a soja viu sua cotação recuar para US$ 14,00 em julho de 2014. E, desde então, engatou uma queda quase constante em seus valores, a ponto de ficar, entre agosto/15 e abril/16, entre US$ 8,50 e US$ 9,00/bushel. O quadro especulativo em torno do clima sobre a nova safra dos EUA deu um pequeno fôlego ao bushel, levando o mesmo a bater em quase US$ 11,80 durante o mês de junho passado. Todavia, já neste mês de setembro o preço voltou a recuar, fechando o dia 13/09 em US$ 9,44. Esse quadro baixista se consolida a partir do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 12/09, o qual aponta uma colheita recorde nos EUA ao estimar 114,3 milhões de toneladas. Os estoques finais estadunidenses, para 2016/17, acabaram sendo revistos para cima (9,9 milhões de toneladas, contra 5,3 milhões no ano anterior). Além disso, como a tendência é de aumento na área cultivada sul-americana, em o clima sendo favorável, espera-se um novo recorde de produção por aqui igualmente. No total mundial, a projeção atual é de 330,4 milhões de toneladas, contra 313 milhões no ano anterior. Pelo lado das importações, o relatório reduziu as compras da China para 86 milhões de toneladas em 2016/17. E o país asiático é o maior comprador mundial de soja, com 63,4% de toda a importação da oleaginosa. Ao mesmo tempo, o setor financeiro reduziu sua participação especulativa em torno das commodities em geral e da soja em particular. Assim, continua factível que Chicago, nos próximos meses, trabalhe no patamar entre US$ 8,50 e US$ 9,50/bushel. Nessas condições, para o produtor brasileiro, apenas uma nova desvalorização do Real poderá trazer melhores preços à soja local quando da nova colheita. Afinal, nesse meio tempo o Real se valorizou cerca de 25% em oito meses, se estabilizando agora entre R$ 3,20 e R$ 3,30. Em um cenário de manutenção do câmbio ao redor de R$ 3,20 por dólar, o balcão gaúcho, diante desta realidade em Chicago, pagaria algo entre R$ 53,00 e R$ 60,00/saco. Em o atual governo brasileiro não conseguindo implementar as medidas corretivas na economia, o câmbio poderá retornar a níveis de R$ 3,50 (talvez mais). Nestas condições, o preço da oleaginosa melhoraria para um patamar entre R$ 58,00 e R$ 65,00/saco. Hoje, a média gaúcha no balcão já oscila entre R$ 69,00 e R$ 70,00/saco após ter se aproximado de R$ 90,00 há três meses (um ano atrás o balcão pagava R$ 71,00/saco na média estadual). Considerando que os custos de produção se mantêm elevados, a rentabilidade dos produtores de soja deverá ser menor neste ano, especialmente para aqueles que não fixaram vendas futuras quando os preços, para a nova safra, chegaram ao redor de R$ 80,00/saco meses atrás. 

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