CI

Síndrome da crise grega


Vinícius André de Oliveira
O Brasil vive tempos difíceis em sua economia e não existe previsão de recuperação em curto prazo. Entramos no círculo vicioso, ou mais, estamos na fase rasteira da teoria dos movimentos cíclicos.
É preciso muito remédio amargo para desestruturar a conjuntura de baixo crescimento, alta taxa de desemprego, pouca capacidade de investimento e só para piorar um pouco, sequenciais notícias de corrupção envolvendo membros do governo. Mas o que corrupção tem a ver com o desempenho econômico? Muito. Política, embora pareça não pesar diante de uma crise na economia é imprescindível na formação dos caminhos para que os agentes econômicos voltem ao ponto de equilíbrio. O governo precisa adotar medidas de ajuste para tentar retomar o crescimento. Infelizmente os “trade-off’s” são sempre ruins. Pode-se, por exemplo, cortar incentivos fiscais dados a determinados setores a fim de elevar o nível de arrecadação e facilitar o alcance da meta de superávit primário tendo como efeito negativo a queda no desempenho dos setores atingidos, podendo gerar desemprego.
Outra medida poderia ser a privatização de alguns setores diminuindo o nível de despesas de custeio do setor público. E aqui poderíamos citar diversos componentes de uma possível reforma, não somente conjuntural como os contidos nesses exemplos, mas também de cunho estrutural tal qual uma reforma tributária.
Porém, parece que – guardadas as proporções - sofremos do mesmo mal da Grécia. Levamos nossa economia pouco a sério e gastamos dinheiro como um bêbado pobre, seja com copa do mundo, com olimpíadas ou com uma máquina pública desproporcional. 
Para efeito de comparação, a dívida pública bruta em relação ao PIB no Brasil hoje é de 59% podendo fechar 2015 em 66%. Estudos apontam que esse número pode ser de 97% em 2020 em um cenário mais pessimista. A Grécia, que há anos não controla suas despesas, está na atual situação sem nenhuma solução visível devendo algo em torno de 180% do PIB. O Brasil teve déficit geral das contas públicas de 7,9% no período de 12 meses até maio enquanto o índice da moribunda Grécia é de 3,5%. Para piorar – uma coisa leva à outra – podemos perder o grau de investimento o que afastaria os investidores e tornaria a situação um pouco mais difícil. 
Enfim, a prudência é sempre bem vinda e traz equilíbrio. Se em tempos de vacas gordas soubéssemos investir em fatores que geram rentabilidade de forma sustentável, em tempos de vacas magras não ficaríamos tão vulneráveis e não precisaríamos de doses tão amargas como as que a Grécia está tomando sem garantia de efeito positivo. Que esse país, portanto, nos sirva de exemplo do que não fazer e nos ajude a enfrentar o ciclo de recessão.  

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.