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Rumo à queda mortal


Vinícius André de Oliveira
A economia brasileira está realmente com grandes dificuldades. Acredito que hoje, com raras exceções, não há dados que possam gerar qualquer tipo de perspectiva positiva. A última tentativa de criar uma boa expectativa para o mercado e para a sociedade foi nomear Joaquim Levy para ministro da fazenda, que deveria ser a pessoa mais ouvida dentro do governo, mas que infelizmente amarga a situação de submeter-se à prioridade dos efeitos políticos que as correções e o ajuste fiscal causariam.
Não me lembro de, no passado recente, ter visto um período tão dramático na administração pública com tamanho descompromisso com a política fiscal e monetária. Com recessão econômica tão perversa onde ninguém consegue prever e programar o mínimo necessário para sobreviver nessa rota de turbulência a que todos fomos submetidos, conduzidos por um piloto míope nessa grande aeronave sem que tivesse experiência sequer para um ultraleve. E assim prosseguimos caindo na velocidade provável de -2,5% no PIB em 2015 e talvez mais em 2016, com um câmbio assassino de R$4,00 - com viés de alta tão logo a segunda agência de rating corte também o grau de investimento do Brasil, com a produção industrial em queda pelo 17º mês seguido, com as vendas no comércio minguantes, com a taxa de desemprego crescendo à 8% por trimestre e com a inflação fechando próxima a 10% ao ano. 
E o pior de tudo isso é saber que não temos a competência americana nem a agilidade chilena para revertermos um processo de crise como o atual. Pelo contrário, temos a inacreditável capacidade de apresentar um orçamento – para o ano de 2016 – em que as despesas são maiores que as receitas, a despeito do que diz a Lei de Responsabilidade Fiscal. 
  Vou repetir aqui o que tenho dito sempre: a economia e o mercado vivem de expectativas. Como gerar qualquer faísca de esperança com números e atitudes tão desatinados?
A pergunta, portanto, é: até onde vai a crise? Ninguém sabe. O que se sabe é que ainda vai durar muito tempo e que enquanto a falta de equilíbrio entre os interesses políticos e a economia formarem a base da administração pública e enquanto a intervenção estatal for tamanha, continuaremos de nariz apontado para o solo rumo à queda mortal.

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