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Revisando vendas e processos industriais no agronegócio ou como agregar valor aos produtos básicos?


Nei Pflug Ketzer
Por muito tempo vivi em um estado tipicamente agropecuário, mas próximo a São Paulo.  Algo que me chamava a atenção eram as modalidades de negócios feitas pelos frigoríficos de abate de bovinos daquela região. 
 
Basicamente eram duas as modalidades: uma era vender aos açougues especializados/ redes de pequenos supermercados  de São Paulo, e a outra era vender a grandes grupos que desossavam e embalavam os cortes especiais – enfim,  agregavam valor ao produto vendido ‘in natura’.

 
Muitas vezes ocorria que o pagamento a prazo da primeira modalidade não vinha ou mesmo o açougue suspendia suas atividades, e o encarregado da tesouraria do frigorífico voava ‘atrás do prejuízo’:  eles recebiam, nesta modalidade, um bom pagamento, mas o risco da operação era grande.  Já na segunda modalidade, os grandes grupos dificilmente deixavam de pagar uma fatura, porém o preço pago era bastante inferior ao pago pela primeira modalidade de venda.
 
Pois é, quando revisamos as vendas em geral de produtos do agronegócio e até de commodities produzidas pelo nosso país, vemos que pouco mudou em relação ao acima e mesmo em relação ao que sempre se vendeu.
 
Por uma simples razão: o produto não beneficiado é vendido por preço inferior e esta é uma tônica brasileira que não mudou desde o Brasil Colônia. No nosso ponto de vista é assegurar-se que o Brasil regrediu, pois   o grau de conhecimento adquirido pelos nossos jovens aumentou, mas ainda  levamos nossas matérias primas mesmo ao exterior e depois de beneficiadas terminamos importando-as por preços bem maiores e  com direito a tudo : pagar imposto de importação, desvalorização cambial, frete maior, nacionalização, etc. 
 
Exemplos não faltam, mas pensem que desde soja até café – passando por cacau, algumas frutas específicas e até produtos bastante simples de manufaturar, são vendidos  ‘em bruto’
(como pedras brutas de uma jóia que ainda precisará de muita mão de obra para ser lapidada a ponto de ter seu valor de mercado multiplicado algumas vezes).
 
Sim, dá trabalho e custa muito construir armazéns (no caso dos cereais) para que se disponha dos cereais durante todo o ano, montar linhas específicas de corte e desossa passando ainda por marinar ou condimentar alguma carne específica e dando uma embalagem de destaque ao produto que teve seu valor agregado em relação ao produto original – seja gado, seja frango, seja suíno, seja soja, seja milho, etc.

 
Pense num produto ou mesmo alimento que v. use todo o dia e reporte-se ao seu valor original da maneira como foi produzido, mas pense que este produto básico poderia ser processado e vendido por três, quatro, cinco ou até oito vezes mais – é o resultado da venda de um produto  bruto que foi processado. 
 
Todo produtor deveria fazer seus cálculos muito bem e pensar  no lucro obtido em processar seus produtos visando agregar-lhes mais valor.  Sabemos que não se constitui tarefa fácil, mas sabemos que se a média de valor de um produto processado é de 3,5 vezes superior ao de um produto básico, cremos que a matéria poderia tomar um tempo do produtor que talvez pudesse juntar aos seus vizinhos e pensar em beneficiar seus produtos no sentido de agregar valor.
 
Quem sabe não seja por aí o caminho de uma nova fonte de rendas a todos os produtores rurais independentemente do seu porte ou da sua produção? 

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