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Recuperação de áreas degradadas no Semi Árido


Alexander Silva de Resende
A Caatinga talvez seja, entre os biomas brasileiros, o mais intrigante e exótico aos brasileiros que não o conhecem, sejam atores do agronegócio, ambientalistas, ou outro brasileiro que não tenham visitado a região.

Vegetação que nos marca pelas imagens televisivas que sempre retratam a seca profunda, relacionada a fome e a miséria na região... Pobre é o cidadão brasileiro que só conhece essa imagem desse bioma...e da gente que o habita...

Suas árvores, raramente são de grande estatura. Lembram o próprio povo por essa característica e pelo vigor que as fazem rebrotar logo nas primeiras chuvas.

A imagem que o brasileiro que não conhece o bioma possui é a de árvores que perderam todas as suas folhas para resistir a seca... tal qual seu povo que migra em busca de trabalho em outras regiões do País. Mas no “inverno” ah... o inverno! Rebrota com um vigor e uma velocidade não existente em outro bioma. A vida renasce a cada inverno na Caatinga... É como se a natureza ressuscitasse a cada nova estação chuvosa...


Esse bioma cercado de arbusto e árvores é dominado por plantas da família das leguminosas que vão desde as juremas (preta, branca, jureminha...) sabiá, mulungu e até a Catingueira. Mas lá não tem só isso, tem carnaúba, mandacaru, juazeiro, pereiro, pau branco e até o turco!

Toda essa beleza vem acompanhada de um nível de apelo ambiental bem diferente dos existentes nos outros biomas onde não faltam ambientalistas para defendê-los... Na Caatinga a lenha ainda é uma fonte de energia de fundamental importância para olarias, padarias, pizzarias, o fogão da dona de casa do interior, o churrasco do cidadão urbano, os “muros” de madeira e moirões para cerca e até a trave do gol nos campinhos do interior que também usam madeira nativa. A taxa de corte é visível às margens das estradas e pouco se houve falar disso...

Isso é preocupante pois o regime de chuvas do bioma é reduzido, mas muito concentrado, o que acarreta em grandes perdas de solo por erosão na época das águas. Solo esse que já é bastante raso por natureza. Isso pode causar problemas sérios no Semi-Árido... Até mesmo de sobrevivência do nordestino, caso não se comece a planejar a ocupação desse espaço e se busque ou intensifique alternativas com plantios comerciais com espécies locais. A jurema e o sabiá, só para citar dois exemplos, podem ajudar a suprir essa demanda por madeira e o uso de espécies forrageiras, como a palma, e outras tantas alternativas ainda menos utilizadas na região, seriam muito bem vindas.


Olhar para esse bioma com preocupação racional sem radicalismos ambientalistas ou selvagerias econômicas é fundamental para que se respeite e conserve um dos biomas menos conhecidos pelos brasileiros e, talvez por isso, o mais intrigante aos olhos de quem o conhece.

Um forte abraço a todos. 

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