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Recuperação! Para quando?


Argemiro Luís Brum
A cada dia que passa os números de nossa economia vão confirmando que a recuperação da mesma, se realmente ocorrer, será lenta. Os recentes dados do Banco Central, indicando que a atividade econômica caiu 0,91% em agosto, levando para 0,41% o recuo do PIB entre junho e agosto e, sobretudo, a 4,98% a queda no acumulado dos oito primeiros meses de 2016, além de -5,6% nos 12 meses terminados em agosto/16, não deixam dúvidas. Nesse sentido, o mercado voltou a elevar a projeção de PIB negativo para 3,2% em 2016. Diante disso, o mercado já começa a considerar que, na melhor das hipóteses, 2017 poderá assistir, talvez, a algum crescimento da economia. Esse "talvez" corrobora nosso sentimento de que se conseguirmos 0,5% positivo de PIB, no próximo ano, já será motivo de comemoração. E isso, mesmo que o Copom continue reduzindo a Selic (agora em 14% ao ano, espera-se que a mesma termine 2017 entre 11% e 12%). Afinal, os juros reais da economia estão descolados da Selic e devem demorar a responder ao seu recuo; a tímida recuperação industrial de meses passados parece confirmar ter sido mais um soluço do que início de retomada consistente; o setor de serviços continua negativo; e a agropecuária estagnada. Dito isso, se é certo que a economia parece ter parado de cair, também é certo que ainda está longe de sair do fundo do poço. Tanto é verdade que o recente excesso de otimismo do mercado perdeu fôlego em setembro e outubro junto ao comércio e a indústria (em agosto as vendas no varejo brasileiro recuaram 0,6% sobre julho, enquanto o setor de serviços perdeu 1,6% em agosto, acumulando recuo de 4,7% em seu PIB nos oito primeiros meses do corrente ano). Ou seja, como já se sabia, sair desta imensa crise em que o Brasil foi colocado não tem mágica. O processo depende de diversas ações, dentre elas o ajuste fiscal, o qual conta com a PEC dos Gastos Públicos, e das reformas estruturais, a começar pela previdenciária. Em tudo correndo bem, o Estado terá oito longos anos para começar a gerar superávit primário e, com isso, auxiliar definitivamente na recuperação econômica. Sobretudo agora que o Tesouro Nacional mostrou que o buraco nas previdências estaduais é R$ 18 bilhões maior do que o informado pelos governos regionais, com o rombo total das mesmas chegando a R$ 77,07 bilhões. Soma-se a isso a reação de parte da sociedade que se nega a pagar a fatura que os governos anteriores lhes deixaram, mesmo tendo sido, em alguns casos, largamente favorecida pelo descalabro das contas públicas. Pelo sim ou pelo não, o fato é que a cada dia que passa vai se confirmando que o remédio é cada vez mais amargo a ser tomado, tamanha é a doença (crise) que temos a vencer. 

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