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Quem casa não precisa de casa


Vinícius André de Oliveira
Talvez o maior engano quando se trata da compra de um imóvel seja cometido por casais jovens na hora de casar. Faz parte da nossa cultura que antes do matrimônio é necessário possuir uma casa para alojar a família. E aí é que certamente reside – sem intenção de qualquer trocadilho – o maior problema da maioria dos casais. É nessa fase inicial que o nível de renda ainda é baixo e existe um acúmulo de despesas como a festa de casamento, despesas com o primeiro carro, cursos de pós-graduação, deslocamento e tantas outras.
Apesar de todos os benefícios que um imóvel possa representar não há pior momento para assumir uma despesa dessa proporção do que esse em que a restrição orçamentária ainda é bastante alta.
Além da condição especial da maioria dos jovens casais no início da vida a dois, deve-se considerar também a condição da economia do país. No caso do Brasil, por exemplo, vivemos uma época de dificuldades o que resulta em crédito curto inclusive para financiamento imobiliário. Isso significa dizer que se impõem mais condições e critérios para a liberação do crédito. Pode ser exigido um percentual maior de entrada – ultimamente chega-se até 50% - e a taxa de juros tende a ficar mais alta o que certamente aumenta o valor das parcelas. 
Economia em crise aumenta também a possibilidade de desemprego e a dificuldade de recolocação caso isso ocorra, podendo dificultar as finanças do casal e o próprio relacionamento. Segundo a Caixa Econômica Federal, que controla cerca de 70% do crédito imobiliário do país, o número de compradores que perderam o imóvel devido à inadimplência aumentou 53% no ano de 2015, conforme demonstra o gráfico a seguir:

Já o crédito imobiliário recuou 33% em 2015, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Portanto, acredito que exista um equívoco na escolha do momento ideal para a compra do imóvel. Não é no início da vida e da carreira que se deve mergulhar em um passivo tão grande. Isso mesmo, imóvel é um passivo e não um ativo como muitos consideram. Como já disse, esse imóvel trará muitos benefícios sem dúvidas, porém irá gerar também muitas despesas e não trará nenhum retorno financeiro, a não ser a expectativa de valorização futura em uma possível venda, o que provavelmente nunca irá ocorrer se o propósito é a moradia. Então de nada adianta dizer orgulhoso que comprou um imóvel por R$500.000,00 e hoje vale R$1.200.000,00. E é nessa hora que as pessoas se deixam enganar e cometem o maior erro da vida muitas vezes. Na prática o que realmente ocorre são recursos sendo absorvidos pelas despesas para mantê-lo. 
É válido então, analisar bem o momento ótimo de efetuar a compra levando sempre em consideração a restrição orçamentária da família. A inteligência financeira existe não no orgulho de possuir casa própria e sim na sua capacidade de avaliar toda a conjuntura e maximizar sua renda. Quem casa não quer casa. Quem casa quer um lar e finanças em dia. Lembre-se: riqueza é ter liberdade financeira!

 

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