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Preços caindo em Chicago, mas a soja brasileira vende bem, obrigado.


Nei Pflug Ketzer
A princípio a Bolsa de Mercadorias de Chicago deveria estar apresentando maiores cotações  nesta altura do ano. Aguardar o que? Esperar por algum acontecimento fora de todas as previsões já feitas?
 
Cremos que justamente esteja ocorrendo o contrário: todas as previsões anteriores  estariam  erradas, e quem sabe um novo ciclo de acontecimentos esteja iniciando – o que pode alterar o cenário mundial num par de dias mas com consequências imprevistas. Alguns céticos dizem que não, outros apostam numa possível sequência de fatos e  acontecimentos, e a possível mudança nos preços mundiais da soja.

 
 
Também, podemos estar aqui, roubando o tempo do prezado leitor com leituras erradas do cenário atual, e já na próxima segunda-feira -  os preços explodirem em Chicago. Quem sabe?
No nosso modesto ponto de vista, gostaríamos de analisar com nossos leitores o quadro atual e o que depreender-se de uma fria análise deles.
 
Inicialmente teríamos que considerar que a safra americana alcançou o invejável patamar de 108 milhões de toneladas e que as exportações americanas de soja atingiram 84,5% (41,2 milhões de toneladas) de uma previsão de 48,7 milhões de toneladas.  Deve repetir-se o acontecido no ano passado:  vai faltar soja para exportar? Não, claro que não.  O estoque final anual do cereal deverá ser sensivelmente  ‘diminuído’. Além do mais, o inverno americano está por  terminar,  e a previsão é que o consumo de farelo para alimentação animal seja igualmente diminuído.  
 
Ainda, no final da semana passada, ouviu-se uma notícia que nos chamou a atenção: China dizendo que pode renovar seus estoques de cereais (na maioria de soja) que estão velhos, e  os realocará com soja brasileira. Isto significa algo ao redor de 2,3 milhões de toneladas que deixarão de ser comprados dos agricultores americanos e possivelmente venham ser comprados dos brasileiros.
 
E agora entram mais alguns fatos que devem estar baixando os preços em Chicago: uma possível super safra americana (a ser plantada ainda neste ano), pois há uma tendência do agricultor americano deixar do milho e  migrar para a soja. Isto ainda não foi precificado em números, mas o simples fato da safra 2015/2016 atingir os 110 millhões de toneladas – quebra um paradigma histórico e inicia uma nova era de negociações, tendências e preços....
 
As safras sul americanas iniciam a ser colhidas. No Brasil, em função de algumas colheitas parciais, foi visto que a produtividade foi boa e já se arrisca em falar numa safra de 93 milhões de toneladas (anteriormente previa-se até 90 milhões de toneladas).  Na Argentina prevê-se uma colheita ao redor de 58 milhões de toneladas – quando anteriormente estimava-se uma safra de 55 milhões.  Fora as relativamente pequenas produções vindas do Paraguai, Uruguai e Bolívia que menos influem, porém são consideradas quando seus números alteram-se demasiadamente como neste ano, pois todos estes países devem ter produções sensivelmente superiores às previsões anteriormente feitas.
 
Neste panorama, vem o Brasil com a segunda maior safra mundial, mas que neste ano teve um presente inconcebível pelas previsões mais otimistas:  a desvalorização cambial que em plena abertura de safra colocou os preços em patamares não esperados para uma safra que beira os 40% da sua colheita final.  Por outro lado, os agricultores brasileiros – até mesmo por uma maior especialização no assunto (leia-se: uso  de silos para os mais capitalizados e previdentes)  têm neste ano uma forma de ‘segurar’a safra no campo (estocada num silo) e vendê-la quando for mais conveniente.  

 
Aliando-se a estes fatores, a falta de transporte nas semanas anteriores motivada pela greve dos caminhoneiros mais prêmios concedidos pelos exportadores para levarem a soja até os portos brasileiros, fizeram os preços encerraram a semana aproximando-se dos 70 reais por saca de 60 kg.
 
Podemos considerar que muitas alterações de cenário ocorrerão dentro das próximas semanas, mesmo porque a desvalorização cambial é algo que não tem hora para iniciar e muito menos para terminar, pois ela depende de fatores econômicos e políticos brasileiros – totalmente fora da nossa visão.  Uma greve, também, independente da esfera  que ocorra – é algo inesperado e imprevisto – e por isso, as greves, de uma maneira genérica, afetam além do que se imagina.
 
 
Resta ao produtor de soja estar bem informado sobre todas estas possibilidades, além de analisar o momento certo para vender o seu produto, uma vez que o mundo continua ávido deste cereal e os preços internos estão apresentando nuances e possibilidades imprevisíveis para o ano.  
 

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