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Pontos positivos


Argemiro Luís Brum
Além do avanço da operação Lava-Jato, devemos saudar, neste final de ano difícil que foi 2016, alguns resultados positivos na economia nacional. Embora ainda insuficientes, os mesmos são um alento à construção de bases mais sólidas para sairmos do atual marasmo nos próximos anos. Em primeiro lugar, temos a nova equipe econômica que passou a comandar o Brasil. A mesma está em melhor sintonia com as necessidades urgentes do país. Em segundo lugar, destaca-se a tomada de consciência de que o Estado nacional está em situação crítica e precisa de ajustes urgentes. O avanço da PEC dos Gastos Públicos e da Reforma Previdenciária é fundamental para a correção de rumo do país, as quais devem ser seguidas de outras reformas fundamentais. Pode não ser o melhor dos ajustes, mas sem ele a economia nacional não reverte o quadro de crise. Em terceiro lugar, e de forma mais pontual, o arrefecimento da inflação, mesmo que venha pela redução do consumo devido ao fortíssimo endividamento e inadimplência dos brasileiros (respectivamente 59% e 40% da população adulta), é para se comemorar (o ano pode fechar perto de 6,5%, atual teto da meta inflacionária). Esta realidade nos leva ao quarto ponto! O governo pode acelerar a redução da Selic, hoje em 13,75% ao ano. Apesar dos fatores externos (possível elevação dos juros nos EUA) e internos (fragilidade ética e política do governo), existe sim espaço para reduzirmos a Selic para 11% ao final de 2017. A redução do juro é um importante instrumento para a retomada do crescimento econômico. Em quinto lugar, mesmo sendo resultado de forte redução nas importações e não da retomada das exportações, o extraordinário resultado da balança comercial em 2016 (o ano pode terminar com superávit entre US$ 45 e 50 bilhões, talvez um recorde histórico) auxilia a melhorar as contas externas, reduzindo fortemente o déficit da balança de transações correntes. Em sexto lugar, e ligado ao fato anterior, o governo brasileiro parece ter conseguido estabilizar o câmbio entre R$ 3,10 e R$ 3,50, situação que oferece maior segurança para os negócios internacionais e demonstra que o colchão de reservas, ao redor de US$ 370 bilhões, tem sido importante neste contexto. Enfim, de forma geral, há o sentimento de que a economia brasileira parou de cair e começa a gerar apoios para voltar a ficar em pé. Dito isso, é óbvio que este conjunto de fatores ainda está sobre uma base política fraca, além de ficar a mercê de fatores externos que podem ser mais complicados em 2017, a começar pelas decisões a serem tomadas pelo novo governo dos EUA. Será preciso muita responsabilidade político-econômica para não se jogar fora o pouco que se conseguiu, além de a sociedade entender que mágicas não existem e que a realidade exige medidas duras para, se bem executadas, curar o paciente.

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