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Nanociência e Nanotecnologias


Amélio Dall’Agnol
O homem precisa constantemente inovar seus instrumentos de trabalho, pois tecnologias no estado da arte tornam-se obsoletas num curto espaço de tempo, sem que a grande maioria das pessoas tenha, sequer, tido acesso a elas. Veja, por exemplo, o que acontece com os celulares ou os computadores. Precisam ser trocados constantemente. A competitividade econômica é o motor que impulsiona essa busca constante por novos e mais eficientes instrumentos de trabalho.
A grande novidade do momento é a nanociência, responsável pelo desenvolvimento das nanotecnologias, ferramentas que possibilitam o homem visualizar e manipular a matéria ao nível individual de cada molécula ou átomo, feito que se tornou possível graças ao desenvolvimento de sofisticadas técnicas de microscopia eletrônica, como o desenvolvimento do microscópio de varredura por tunelamento eletrônico (1981), que permite a observação de átomos e moléculas ao nível atômico.
A nanotecnologia, conforme o próprio nome indica, é a tecnologia dos nanômetros, matéria cujo tamanho é tão reduzido (1 nanômetro = 1 bilionésimo de metro), que só muito recentemente puderam ser vistos e manipulados pelo homem através da moderna microscopia eletrônica. Apenas para ilustrar, a espessura de um fio de cabelo humano tem a dimensão de 80 mil nanômetros.
A nanociência é relativamente nova no mundo, embora a ideia de que a matéria é composta por átomos fosse reconhecida pelos sábios da Grécia antiga, há mais de 2.000 anos. Estudos sobre a nanociência, contudo, somente foram iniciados em 1959 por Richard Feynman (Califórnia, EUA), agraciado com o Prêmio Nobel de Física de 1965, por suas descobertas na área.
A expectativa é a de que as nanotecnologias promoverão uma revolução econômica e social e que por causa das desiguais capacidades técnicas e econômicas entre países, empresas e pessoas, esses desenvolvimentos se configurem como seletivos e excludentes. O alto investimento inicial necessário para dominar as nanotecnologias e produzir nanoprodutos em escala comercial poderá nos conduzir ao monopólio do mercado, o que não é desejável porque, certamente, encarecerá essas mercadorias. Seu uso atual se restringe às grandes corporações econômicas, cujos investimentos na área ascendem aos bilhões de dólares anuais. 
Se bem o desenvolvimento de nanotecnologias seja muito incipiente no Brasil e bastante ignorado pelo grosso da população, o país já pode beneficiar-se dos nanoprodutos desenvolvidos em outros países, incluindo nanotecnologias no âmbito agrícola como a formulação de agrotóxicos em nanoescala, o que possibilita a liberação do insumo diretamente nas plantas, evitando seu desperdício e reduzindo o dano ambiental. Também, nanossensores poderão ser usados para detectar pragas e doenças na lavoura, como, também, para avaliar os níveis de nutrientes e o teor de umidade no solo.
Não são poucos os produtos já disponíveis no mercado e em franca utilização: tecidos para proteção contra raios ultravioleta, tratamento tópico de herpes e fungos, nano-cola (capaz de unir qualquer material a outro), cateteres, válvulas cardíacas, marca-passos, implantes ortopédicos, produtos cosméticos, microprocessadores e equipamentos eletrônicos em geral. Muitos outros virão, aguarde.
Tudo o que sonhamos hoje, pode tornar-se realidade amanhã pela mente brilhante e empreendedora de alguns iluminados. “Temos necessidade de homens capazes de imaginar o que nunca existiu” (John Kennedy).

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