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Eleições 2014: e-mail aos candidatos


Edivan Júnior Pommerening
Permitam-me dirigir a vocês candidatos através deste e-mail. Peço que falem exatamente o que pensam e façam exatamente o que falam, pois esses são os pilares da ética. Exponham suas mais profundas convicções, ainda que venham a desgostar alguns eleitores. Tenham coragem para isso! Não adotem discursos programados para agradar gregos e troianos.
Saibam todos quantos lerem este e-mail que ética é a pessoa que pode contar aos filhos, durante o jantar, tudo o que fez durante o dia e “de caráter” é a aquela que faz a coisa certa mesmo que não tenha ninguém olhando. Desta forma, invistam sim em necessárias obras enterradas, como água e esgoto, mesmo que o macete eleitoreiro teime em dizer que “obra enterrada não dá voto”.
Aos que se elegerem, peço que abram mão de tantos cargos comissionados, ocupados majoritariamente por frutos de promessas de campanha, em troca de eleitores concursados, que se preparam para a função. Experimentem a sensação de não ter “o rabo preso com ninguém” e assim poder lubrificar a enferrujada engrenagem da máquina pública.
Havemos de convir que se o Brasil não tivesse corrupção, tanto pública quanto privada, e os recursos fossem aplicados adequadamente, sem medo de errar: ele seria uma das três maiores economias do planeta. Contudo, mesmo com extensão continental e um sem-fim de riquezas, ocupa a inoportuna 7ª posição, por mais que esteja no pelotão de frente.
O segredo é ter vergonha na cara (perdão pelo termo, mas não encontrei outro que fosse mais apropriado). Dêem bons exemplos! Eleitor é igual criança, faz aquilo que vê o pai e a mãe fazerem. Portanto, se vocês praticarem ilícitos para obter vantagens pessoais ele também vai achar-se no direito, aí a sociedade embarca num círculo vicioso; o avião entra em parafuso.
Assim como o ladrão só rouba porque tem comprador para o objeto furtado, o eleitor só vende o voto porque tem candidato que compra. Aliás, eleger-se comprando votos é fácil, quero ver vocês ganharem a eleição “na raça”, através de um moral ilibado e muita vontade de trabalhar para melhorar a qualidade de vida do povo, e sem esperar nada em troca. Isso é ser diferenciado.
Apesar de estarem no CBO (Cadastro Brasileiro de Ocupações), cargos político-eleitorais não poderiam ser profissões, mas muitos candidatos submetem-se às eleições justamente para ter uma. Penso que o vosso principal ganha-pão deveria ser outra atividade: empresarial, agrícola, docência, sei lá, mas, se vocês vivem ou vão viver do cargo é justo e sensato falar a verdade.
Lembrem que é gratificante poder andar pelas ruas de cabeça erguida, de consciência leve, tranqüilo por não ter desviado nenhum centavo de ninguém. E quanto às promessas, só façam-nas se realmente tiverem certeza que vão conseguir cumpri-las, do contrário, digam que quando estiverem lá verão o que é possível ser feito, fica mais coerente. Ah! E não esperem serem cobrados, sejam pró-ativos.  
É importante que vocês ajam durante o período eleitoral da mesma forma que agiriam fora dele. Esqueçam os interesses pessoais e primem pelos coletivos. Por que não dizer “Sim” a um projeto bom, mesmo que ele seja apresentado por deputados de outra coligação? Não joguem “pás de cal” em cima de projetos que visam à coletividade, deixem as rusgas de lado e se abracem em prol do povo.
Senhor(a) candidato(a) a governador(a): faça questão que a maioria dos deputados seja de outras ideologias, para que não haja monopólio do poder de decisão e para que você seja imparcialmente fiscalizado. A oposição far-te-á crescer como político, a situação tende a te acomodar. O grande beneficiado disso tudo será o povo. Isso exige quebra de paradigmas? Sem dúvidas.
Para o povo não ser aliciado facilmente, inclusive por vocês, invistam forte em educação. Quanto mais educado ele for, mais crítico ele fica, mais capacidade ele tem para discernir o que é certo e o que é errado, o que é mentira e o que é verdade. Negligenciar a educação do povo é o mesmo que colocar uma venda em seus olhos. Encarem um povo instruído, será desafiador.
Nas últimas eleições, observei que candidatos realmente preocupados com a população têm mais dificuldade para se eleger, imagino que um pouco por se recusarem a utilizar métodos esdrúxulos, como financiadores de campanha por exemplo. E muitas pessoas que poderiam fazer um bom trabalho, pela vontade e capacidade, nem se candidatam. Por que será?
Não critiquem e nem falem mal dos seus oponentes, falem de vocês mesmos. Mas não do que já fizeram, e sim do que pretendem fazer. O que vocês já fizeram não foi mais que obrigação, afinal foram eleitos justamente para isso, não há motivos para vangloriar-se. Eu entendo porque vocês tentam denegrir a imagem dos seus oponentes: boa parte do povo gosta de ver “o circo pegar fogo”.
Ah! Ia esquecendo. Não gastem tanto dinheiro com propaganda, dizendo “eu fiz”, como se tivessem tirado dinheiro do próprio bolso para erguer as obras. Também não é necessário fazer uma tremenda cerimônia e chamar a imprensa toda vez que forem entregar um veículo novo. Façam mais e falem menos. O povo não é cego; se vocês realmente fizerem alguma coisa ele vai enxergar.
Não estou querendo que vocês resolvam minha vida, afinal o único responsável pelo meu sucesso ou meu fracasso sou eu mesmo. Só espero que gerenciem os recursos com sabedoria e não decepcionem o povo que confiou em vocês. Falando nisso, evitem pedir o tal “voto de confiança”, por acaso existe “voto de desconfiança”? Vemo-nos em outubro.
Sem mais para o momento,
Edivan Junior Pommerening, eleitor brasileiro.
 

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