CI

Brasil: um país endividado


Vinícius André de Oliveira
O Brasil vive um dos seus piores momentos. Por mais otimistas que sejam as expectativas de economistas, analistas e investidores fica difícil encontrar dados animadores em relação ao Brasil no médio prazo. Apesar de todos os problemas já conhecidos, a cada semana surge mais algum alimentador do desânimo. A mais recente notícia ruim foi o novo rebaixamento da nota de crédito, agora pela agência de risco Moody’s. Com isso, o país perde ainda mais a credibilidade diante de investidores externos e prejudica além de tudo o controle da inflação, a taxa de câmbio e os investimentos conforme já comentei em outro texto. 
Não é de agora que as medidas tomadas pelo Planalto vêm se tornando um multiplicador de problemas para a economia brasileira. A dívida bruta da União está em 61% do Produto Interno Bruto, sem considerar estados e municípios, ficando próxima de 3,8 trilhões de reais. Segundo alguns estudos esse percentual pode ultrapassar os 82% até 2018. Para efeito de comparação, China e África do Sul tem relação dívida/Pib próxima a 40%. Isso é consequência do aumento dos gastos do governo na ordem de 46% de 2011 para cá diante de uma receita que cresceu apenas 27% no mesmo período. O país investe em infraestrutura dez vezes menos do que gasta com juros da dívida. Além disso, o superávit primário não vem sendo cumprido desde 2014 e com tudo isso o percentual do PIB que deveria ser reservado para manter a dívida inalterada só aumenta tornando cada vez mais difícil o ajuste fiscal.
A sistemática é simples de entender. É como uma família que gasta mais do que ganha. Torna-se necessário tomar crédito para manter as despesas e em pouco tempo será necessário mais crédito e isso irá gerar mais juros. Somando parcelas e juros cada vez maiores para manter os gastos muito rapidamente isso ocupará um percentual elevado dos ganhos o que irá fazer com que a situação fique insustentável. É o caso de países superendividados como a Grécia que está com 179% de despesas em relação à arrecadação e da Itália com 132,8%.
O processo reverso seria corte de gastos ou aumento na capacidade de investimentos, aumento da geração de poupança pública e maior atratividade para investidores externos. Infelizmente, nenhum desses fatores está sendo alcançado o que coloca o Brasil na posição de país endividado. 
Termino então como J. R. Guzzo em seu texto sobre a agenda positiva: O que podemos, por fim, esperar de bom disso tudo? Nada. A não ser dias cada vez mais difíceis.  

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.