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A desgraça populista (I)


Argemiro Luís Brum
Em grande parte da América Latina, incluindo o Brasil, nos últimos anos os governos populistas proliferaram. E os mesmos levaram suas respectivas nações a uma crise econômica sem precedentes. No populismo “...se enfatiza a relação direta entre a cúpula do Estado e as massas populares, mediada pelo desempenho político de um líder carismático, apresentando em geral uma ideologia difusa, onde sua valorização popular pode ser espontânea ou um recurso manipulado por ideologias de direita ou esquerda. (...) O papel do Estado é acentuado como elemento capaz de assegurar a independência nacional, principalmente como instrumento promotor do desenvolvimento econômico, sendo que o Estado deve ser o principal investidor e entidade política capaz de assegurar o desenvolvimento de um capitalismo nacional e autônomo, livre da ingerência externa” (Cf. Sandroni, P. Novíssimo Dicionário de Economia, p. 483). Na prática, o mesmo se constitui em uma desgraça para as economias do mundo, solapando as possibilidades de crescimento e desenvolvimento das nações. Isso porque, geralmente, as pessoas carismáticas que por ele ascendem, não são preparadas em gestão pública. Na maioria dos casos usam o poder para avançar em decisões onde os imperativos ideológicos suplantam facilmente a razão, a ponto de gastarem os recursos públicos muito além das possibilidades existentes no país. O aparelhamento e uso dos órgãos estatais para tal fim tornam-se aí uma obviedade que leva à inviabilização dos mesmos e até do próprio Estado. O exemplo mais gritante, na América Latina de hoje, encontramos na Venezuela onde o governo Chavez, seguido agora de Maduro, em 16 anos liquidou a economia de um dos países mais ricos do Continente (a ponto de as seleções estrangeiras de futebol levarem consigo, dentre outras coisas, papel higiênico e água para beber por falta destes produtos). Um regime ultranacionalista, protecionista economicamente e que sacralizou a soberania nacional, prometendo aos cidadãos, através de receitas mágicas, o que não podia cumprir. O resultado é um caos econômico e uma quase ditadura política. Tais receitas simplistas, embora em uma intensidade menor, viu-se em outros países da região e do mundo, inclusive no Brasil. Acreditar em “messias” despreparados, que acabam usando o Estado em benefício próprio e de seu grupo de seguidores, termina sempre em crise. No Brasil, o uso da Petrobrás, do BNDES e do Badesul, no RS, são exemplos concretos de governos que, mesmo tendo boas intenções em alguns momentos, caíram na tentação populista. No caso do Badesul, agora se sabe que mais de R$ 355 milhões foram emprestados com alto risco, sem nenhuma avaliação de crédito digna do nome. Tais operações de risco chegaram a equivaler a 198,2% do patrimônio líquido do banco, no velho estilo de que dinheiro público é “um saco sem fundo”. Como isso nos atinge? (segue)

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