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A desgraça populista (Final)


Argemiro Luís Brum
Encerramos o comentário passado mostrando que as operações de risco junto ao Badesul chegaram a equivaler a 198,2% do patrimônio líquido do banco, no velho estilo de que dinheiro público é “um saco sem fundo”. Como isso nos atinge? Assim como a conta da péssima condução da economia nacional nos últimos 10 anos no Brasil, a conta da Petrobrás, do BNDES, do Badesul e de tantos outros órgãos públicos mal administrados fica com o contribuinte em particular e a população em geral. No caso do Badesul, por exemplo, se engana quem pensa que a mesma fica restrita aos gaúchos. Isso porque 95% dos valores movimentados nas operações de crédito, pelo banco de fomento gaúcho, têm o BNDES como origem. Ora, o dinheiro do BNDES, assim como de outros bancos públicos brasileiros (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, por exemplo) resulta da emissão e venda de títulos públicos, os quais geram a dívida pública nacional. Dito de outra maneira, o enorme déficit público que o país possui hoje também é oriundo da má gestão do BNDES e, por extensão, do Badesul e outros organismos públicos conforme o que se demonstrou até aqui. Esse mesmo déficit que está nos levando a tomar um remédio amargo, chamado PEC dos Gastos Públicos, por 20 anos, atingindo educação e saúde dentre outras rubricas. O recente populismo brasileiro quase quebrou o país, e literalmente colocou em péssima situação órgãos públicos importantes, com o objetivo claro de se perpetuar no poder, usando o discurso do “desenvolvimento” como engodo aos mais crédulos. Miremo-nos no exemplo, mais uma vez da Venezuela (ver nosso comentário de 13/10/2016). O descalabro messiânico do governo Chavez não lhe permitiu enxergar que sua única fonte de recursos, o petróleo, poderia rapidamente se esgotar pela baixa dos preços internacionais. Assim, continuou aprofundando o estatismo econômico-protecionista, gerando uma inflação anual de 200%, uma penúria de todos os bens de consumo, uma das mais profundas recessões do mundo atual, altíssimo desemprego e finanças públicas caóticas. Junto a isso, grassa uma corrupção generalizada, especialmente no Estado, explode a criminalidade e uma regressão constante da democracia. As semelhanças brasileiras com a Venezuela, em alguns destes pontos, não são meras coincidências. A diferença é que no Brasil ainda há tempo para se reagir e mudar de rumo. Nosso cuidado agora deve ser para que não entremos em nova onda populista, pois as tentações são grandes e continuam presentes nas diferentes instâncias do Estado brasileiro.

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