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A Bolsa de Mercadorias de Chicago e o mercado atual


Nei Pflug Ketzer
Há poucos meses atrás escrevi sobre a Bolsa de Chicago, e será sobre ela que escreverei volta e meia, pois ela continua ditando os preços das commodities mais importantes, assim, como das suas mais importantes tendências.
 
 
Talvez eu ainda vá repetir inúmeras vezes sobre a necessidade de todos ligados ao meio produtivo do agronegócio/commodities conhecer mais e mais sobre a CBOT(sigla mundialmente conhecida da Bolsa de Mercadorias de Chicago).
 
 
Como o conhecimento é algo inerente ao momento que vivemos, também faz-se necessário que o estudo das ferramentas de comercialização do agronegócio façam parte da tarefa diária de quem nele está envolvido: dizem alguns que o agricultor de commodities deve dedicar 50% do seu tempo às lides diárias do campo e os outros  50% nos estudos das mencionadas ferramentas de comercialização. 
 
Ou melhor, não basta saber produzir: é necessário saber vender e para isto se aprende. Isto não quer dizer que o agricultor vá para a escola ou para um curso superior de agronomia. Ele pode, muito bem dedicar seu tempo livre para ler, conhecer ferramentas de comercialização e quem sabe até visitar  uma corretora de cereais  para ver como os negócios são feitos e quais são os intrínsecos segredos de uma negociação, saber quais são os principais compradores mundiais e como se chega a eles de uma maneira inteligente, eficaz e lucrativa!
 
Mas sobre a CBOT,  e a pequena revolução criada nela nos últimos meses pela queda abrupta dos seus preços, temos a dizer que tudo se resumiu num grande susto onde ganharam os tradicionais  especuladores de plantão, ou seja, em função da possibilidade dos preços caírem ainda mais, os menos informados venderam seus produtos a preço vil. Lamentável, mas real.
 
O grande comprador continua sendo a China e países asiáticos que estão ´ocidentalizando´seus hábitos alimentares, ou seja, criando gado de forma intensiva pois o povo não se satisfaz com uma dieta vegetariana ou semelhante - porém, pobre em proteína animal. E que se saiba que a China, vem, ano a ano, aumentando suas compras de soja,  pois - embora a soja seja proveniente daquele país, ela não pode  ser plantada de forma intensiva lá, pois ocupa muito espaço em função da sua relativamente baixa produtividade, além deste país  ainda ter  alguns milhares de hectares de terra totalmente contaminados.
 
Assim, torna-se muitíssimo mais interessante a China, no caso, importar soja para alimentar seus rebanhos que hoje já não se restringem  a gado bovino. Cada navio importado de soja, por exemplo, representa alguns milhares de hectares que deixaram de ser plantados no solo chinês. 
 
Sim, a China continua sendo o grande comprador de soja e creio que é para isto que os países produtores estão se preparando. Igualmente, como é do conhecimento de tantos, as técnicas de produção estão criando condições ímpares para o aumento da produtividade, e a conjunção destes fatores aliada a um clima auspicioso, têm propiciado safras maiores tanto nos Eua como na América do Sul.
 
No atual episódio da super safra americana, causou espanto ao mercado que não se aguardava que tal safra pudesse ser tão grande, inicialmente. Embora ela não tenha sido totalmente colhida, comenta-se, a boca miúda, que ela deva ficar entre 105 e 110 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia, as safras brasileiras de soja-2014/2015 (cujo plantio da safra de verão foi iniciado agora) deverão ficar entre 90 e 100 milhões de toneladas. 
 
Os preços de exportação da soja tiveram, como escrevemos anteriormente, algumas quedas, e a comercialização chegou a ser interrompida quando as cotações de Chicago chegaram em US$9,50/bushel, mas logo os importadores(compradores da soja) iniciaram a oferecer prêmios  em valores cada vez maiores e que praticamente se igualaram às cotações da CBOT: este conjunto de fatores somado à rápida desvalorização do dólar no Brasil fez com que os embarques de soja continuassem ocorrendo depois de curta parada.
 
 
Os preços em Chicago continuam demonstrando certa instabilidade, mas a tendência a médio prazo é que subam e assim, de uma maneira geral, o mercado acomodou-se à nova realidade de produção, tanto dos Eua como da América do Sul, desta cultivar propulsora da vida e com inúmeras utilizações ao redor do planeta. 
 
 

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