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A agricultura brasileira e a Rio+20


Dirceu N. Gassen
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realiza-da na cidade doo Rio de Janeiro em junho de 1992 recebeu o nome de ECO-92, e teve como objetivo conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção do ambiente. Esse evento foi o marco que consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável, contribuindo para a mais ampla conscientização nas questões ambientais e sociais da humanidade.

A Agenda 21 foi o principal documento gerado na conferência e determinou a importân-cia de todos os países a se comprometerem e refletirem sobre as questões socioambientais. O capítulo 29, dessa agenda, destaca as questões relacionadas à agricultura, com ênfase no desen-volvimento rural sustentável.

Em junho de 2012 acontecerá o evento Rio+20 e cabe uma análise da evolução e das mu-danças que ocorreram na agricultura brasileira, nesses 20 anos.

Em 1992, a área sob plantio direto foi estimada em 1,3 milhões de hectares no Brasil, o-cupando aproximadamente 4% da área de lavouras. Em 2012, essa área é estimada em 32 mi-lhões de hectares, ou seja, 75% da área de lavouras.

Nesses 20 anos, as produções de grãos por unidade de área (hectare), aumentaram 44% em arroz, 72% em milho, 48% em soja e 64% em trigo.
A redução no consumo de combustíveis com a adoção do plantio direto é estimada em 66%, o que equivale a reduzir 42 litros de diesel por hectare todo o ano. Com base em 32 mi-lhões de hectares, o agricultor deixou de consumir 1,34 bilhões de litros de diesel na produção de grãos para cada safra. Com isso deixando de emitir 3,59 bilhões de kg de CO2.

No início da década de 1990, o consumo de 1 litro de diesel produzia aproximadamente 25 kg de arroz, milho, soja ou trigo. Vinte anos depois, se produz entre 105 e 175 kg desses grãos com o mesmo consumo de combustível. A soja, por exemplo, consumia 68,3 ml de diesel para produzir 1 kg de grãos. Hoje, o consumo é de 8,8 ml de diesel para produzir o mesmo kg de grãos.

Da mesma forma, a eficiência no uso de água pode ser demonstrada com o aumento na retenção da mesma no solo e na eficiência da irrigação. Em arroz, por exemplo, o consumo de água para produção de 1 kg de grãos baixou de 3.900 para 1.304 litros, nesses 20 anos. É impor-tante destacar que a planta consome aproximadamente mil litros de água para a produção de 1 kg de grãos. Nesse contexto, o agricultor é o gestor da eficiência no uso dessa água, produzindo alimentos para o consumo urbano.

No passado, a erosão de solos causada por enxurradas nas áreas sob preparo convencional (arado e grade) era de aproximadamente 20 toneladas de terra fértil por hectare todos os anos. Hoje, 20 anos depois, o plantio direto reduziu em 96% a perda desses solos.

A atividade biológica é difícil de ser quantificada, mas é evidente com a retomada de fauna nativa em todos os ambientes de agricultura. A adoção de boas práticas agrícolas, como o plantio direto e a não queima de palha, combinada com a consciência de preservar recursos natu-rais, resultou na retomada de cadeias tróficas mais equilibradas.
O evento Rio+20 é o momento de colocar na balança os efeitos da soma de todos os pro-cessos de eficiência adotados no uso de recursos naturais, que levam o agricultor brasileiro e todos os segmentos envolvidos com a produção de alimentos a assumirem, com orgulho, os re-sultados da evolução da agricultura nesses 20 anos. O plantio direto é o fator que mais influen-ciou o impacto ambiental positivo. Os agricultores, com o apoio da pesquisa, da genética, da indústria de insumos e de todos os segmentos envolvidos na produção de lavouras, determinaram as mudanças necessárias para o benefício de toda a sociedade.

* Dirceu Gassen, Gestor da área técnica da Cooplantio, conselheiro da CCAS e editor técnico da Revista Plantio Direto.

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