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2017: ainda muitas incertezas (I)


Argemiro Luís Brum
Passado o primeiro mês do novo ano, a evidência é que a economia brasileira ainda tem muitas incertezas pela frente. Em âmbito internacional será preciso assimilar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o qual alimenta discursos populistas da extrema direita em outros países da região. Países estes que terão em 2017 eleições presidenciais.

Os mais afoitos chegam a prever o desaparecimento do euro. Na Ásia, a China continuará a implantar sua reforma econômica, fato que vem reduzindo pela metade o seu PIB em relação ao registrado na década passada. Na América Latina se destaca a falência do nacionalismo populista, porém, sem uma consolidação das políticas que vêm em sua substituição.

Dito de outra maneira, enquanto boa parte da América Latina parece estar conseguindo superar o nacionalismo, o populismo e o isolacionismo, que nos trouxe à atual crise econômica, o desafio agora é lidar com o preço a ser pago pela prática de políticas econômicas pouco liberais e centradas na intervenção do Estado. Essa realidade, que não é privilégio apenas desta região do mundo, obriga os governos a fortes ajustes estruturais nas contas públicas. Enfim, e a mais séria das ameaças, as primeiras decisões do novo governo dos EUA (Trump) indicam que a principal potência do mundo caminha para o buraco econômico: um nacionalismo exacerbado, que alimenta uma xenofobia perigosa, uma política comercial protecionista, aliada a uma prática expansionista interna, sem falar em rompimento de acordos internacionais, inclusive na área climática.

Na área econômica, a promessa do governo Trump liberar USS 550 bilhões para o setor produtivo deve gerar uma expansão de curto prazo nos EUA, puxando boa parte do resto do mundo, porém, logo em seguida gerará uma crise brutal, comparável a 2007/08 e que ainda nem mesmo foi superada, pois as contas públicas estadunidenses já estão no limite na atualidade. Tal estado de coisas deixa em suspenso as iniciativas de superação de crise que o Brasil começou a empreender. Afinal, não se pode esquecer que a crise brasileira e da América Latina deixa a conta apenas para os locais, pois pouco ou nada influi no mundo. Já a conta do estrago a ser produzido nos EUA será paga por todo o mundo.

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